[Textos - 54 - "A orquídea amarela" - 03/06/05]
A orquídea amarela (?)
Tenho pensado na estória da orquídea amarela, e até que poderia ser uma história. Poderia representar um fato da
vida de qualquer pessoa.
Pois bem, a estória é essa, para quem não conhece:
Chega até nossas mãos, uma muda de
orquídea amarela, rara, de beleza exuberante!
Cultivamos com carinho, dando-lhe água
e sombra na medida certa.
A floração demora e continuamos a nos
dedicar a esse cultivo, já antevendo o momento de apreciarmos a primeira flor.
Após muitos anos, comum nos caso de
orquídeas, desponta o primeiro botão.
Com toda a expectativa, queremos apressar
a natureza, para finalmente recebermos o prêmio por tanta dedicação...
Apreciar e ostentar a raridade de que somos possuidores.
Gestamos, dentro de nós por um longo
tempo, essa orquídea amarela...
Quando essa flor desabrocha, para
nosso espanto, aparecem sim suas lindas formas, mas aquela expectativa
anterior, é frustrada.
Somos surpreendidos. E aquela
orquídea amarela, rara, exuberante, cultivada durante anos é na verdade - roxa!
Então eu penso a respeito e começo
criar o que poderia ser a história:
O que diferencia as duas? A
forma? É a natureza? Não, nem a forma, nem a natureza. Ambas
são flores e orquídeas. É a cor? Talvez o perfume? Sim!
E o que seria a cor para uma flor, senão o seu conteúdo diferenciado das
demais; e o seu perfume a exteriorização desse conteúdo; ambos
resultantes de uma seiva característica que as alimenta? Pouco importa a
forma. Com algumas pequenas variações são todas orquídeas! Só mudam
a cor e o perfume.
O primeiro final da história: Podemos ter
nas mãos uma orquídea roxa, mas passamos a vida inteira lamentando, que não
tenha sido "aquela" orquídea amarela... Esquecendo-nos de que uma
orquídea é uma orquídea, sempre, independe de sua pigmentação, o pertencimento à
sua espécie.
Ou ainda, a história pode ter um outro
final, diferente... Temos nas mãos uma orquídea realmente amarela, rara,
exuberante, mas que por alguma deficiência ou limitação de nossos sentidos
físicos, nós a enxergamos como roxa, cheiramos como roxa e sentimos como roxa.
Nos dois casos estaremos sempre
olhando para o jardim de nosso vizinho! Frustrados, não valorizando a
verdadeira beleza e finalidade de cada uma dessas flores; estaremos sofrendo
por termos esse entendimento tão pequeno da grandeza e da sabedoria das obras
do criador: ... que coloca em cada
jardim exatamente as orquídeas, as rosas, os cravos, miosótis, margaridas, na
cor e no perfume que esses jardins precisam ter!
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