sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

                                                                Mario Quintana





"Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda..."









"Amar, nunca me coube
 Mas sempre transbordou
 O rio de lembranças
 Que um dia me afogou

E nesta correnteza
Fiquei a navegar
Embora, com certeza,
Não possa me salvar                                      
        
 Amar nunca me trouxe
 Completo esquecimento
 Mas antes me somou
 Ao antigo tormento

E assim, cada vez mais,
Me prendo neste nó
E cada grito meu
Parece ser maior"











           "Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso                             
nem porto;                                                           
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti..."








                         "Quiseste expor teu coração a nu.
                          E assim, ouvi-lhe todo o amor alheio.
                          Ah, pobre amigo, nunca saibas tu
                          Como é ridículo o amor... alheio!"










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