[Textos
12 - "Muros de hera" - 31/01/09]
Nada há que queira mais
Perder razão por causa tua
Romper amarras desse cais
Mostrar verdade crua e nua
Botar a quilha no rumo norte
A pontilhar minha nova sorte
Recebe a fúria cerrada com punhos
De murros que espantam os sonhos
Travessia sem estrelas, medonha
Uma ópera ágil, a acompanha
Fica qualquer cor que não seja
A dourada luz que se deseja
Criatura espreita na noite escura
De garganta longa e sinuosa
Fere-me com cauda espinhosa
Nem sei se morro ou é loucura!
Na escuridão deixar a tormenta
Junto a dor que o vento lamenta
Minhas perdas jogar ao mar
Atrás, a tempestade a rasgar
Na ondulação se move a serra
Se todo mar se acaba em terra
Te encontrarei lá no planalto
Gritarei teu nome em contralto
Avisto teus muros de hera
Que não tem nenhuma fera
Fincar raízes em teu jardim
Ser um começo em vez de fim...
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