quinta-feira, 24 de setembro de 2015


"ARCA DE NOÉ" de sementes
Silo fica no isolado arquipélago de Svalbard, entre a Noruega e o Polo Norte (Foto:  Landbruks- og matdepartementet | flickr | creative commons)
SILO FICA NO ISOLADO ARQUIPÉLAGO DE SVALBARD, ENTRE A NORUEGA E O POLO NORTE (FOTO: LANDBRUKS- OG MATDEPARTEMENTET | FLICKR | CREATIVE COMMONS)
Não é necessário que um asteroide atinja a Terra para que muitas das plantas que dão origem aos vegetais e frutas que comemos sumam: na verdade, o estimado é que elas entrem em extinção ao longo dos próximos dez mil anos.
As técnicas da agricultura moderna são o principal motivo. Saudosismos à parte, as sementes e o conhecimento sobre o cultivo delas eram passados de geração em geração em famílias de fazendeiros. Com a introdução de modelos industriais de cultivo em massa, no entanto, essas técnicas tendem a desaparecer, bem como o know-how para lidar com essas espécies de planta.
É por isso que, em junho de 2006, os governos da Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia, em esforço conjunto com a Fundação Bill e Melinda Gates, deram início às construções do Silo Global de Sementes de Svalbard. Trata-se de um grande cofre para guardar e preservar espécies de sementes que podem servir como alimento para a população mundial.
Localizado no Monte Spitsein, em Svalbard, território ártico da Noruega, o Silo tem capacidade para abrigar mais de três milhões de sementes — no momento, conta com mais de 860 mil amostras — e foi construído para durar pelos menos dez mil anos. A região é uma das mais geladas da Terra e os responsáveis pela construção se asseguraram de que fundamentar a estrutura de forma que, caso a energia acabe, o Silo consiga se manter congelado por mais pelo menos 200 anos.
“Se tivermos algum problema lá fora, o Silo persistirá”, afirma Cary Fowler, agricultor que trabalhou no projeto. “Nós o construímos de forma que ele dure pela maior quantidade de tempo possível. Não sei se era a mesma coisa que se passava nas cabeças das pessoas que construiram as pirâmides.”
Na época de desenvolvimento do projeto, a ideia era que o Silo Global de Sementes só fosse aberto daqui pelo menos algumas décadas. No entanto, o cofre pode ser aberto pela primeira vez ainda em 2015. Por conta da guerra civil que ocorre na Síria, os pesquisadores do país perderam o acesso ao banco genético de plantas que ficava em Aleppo. Os conflitos obrigaram o Centro Internacional para Pesquisas Agrícolas em Áreas Secas (ICARDA, na sigla em inglês) a mudar para Beirute, no Líbano.
Muitas das sementes do ICARDA foram danificadas com a guerra, fazendo com que necessitasse de reposição e fizesse a primeira solicitação para abrir o Silo. Os cientistas querem de volta 130 das 325 caixas que depositaram na "arca", o equivalente a 116 mil amostras. Entre as espécies estão o trigo, cevada e gramíneas adaptadas a climas secos.
A guerra civil está ocorrendo na Síria há quatro anos e o estimado é que tenha matado cerca de 250 mil pessoas. De acordo com a Agência de Refugiados das Nações Unidas (UNHCR)mais de quatro milhões de sírios buscaram refúgio em outros países até o momento.
http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/09/arca-de-noe-de-sementes-pode-ser-aberta-pela-primeira-vez-por-conta-da-guerra-da-siria.html

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