quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Ao longo dos séculos, inúmeras pessoas, tanto no Oriente como no Ocidente, tentaram encontrar Deus, a salvação ou a iluminação através da rejeição do corpo. O que tomou a forma de recusa dos prazeres sensuais ou da sexualidade em particular, de jejuns e de outras práticas ascéticas. Chegaram a infligir dor ao corpo numa tentativa de o enfraqueceram ou castigarem porque o consideravam pecador. No cristianismo, chamava-se a isso mortificação da carne. Outros tentavam escapar do corpo entrando em estados transe ou procurando experiências extra-sensoriais. Ainda hoje há muitos que o fazem. Diz-se que o próprio Buda praticou, durante seis anos, a rejeição do corpo através de jejuns e de formas extremas de ascetismo, mas ele só alcançou a iluminação depois de ter desistido de tais práticas.
O facto é que nunca ninguém atingiu a iluminação através da rejeição do corpo, nem da resistência ao corpo, nem de alguma experiência extra-sensorial. Embora uma tal experiência possa ser fascinante e possa dar-lhe um vislumbre do estado de libertação da forma material, no final de contas você terá sempre de voltar ao corpo, onde o trabalho essencial de transformação tem lugar. A transformação é através do corpo, não fora dele. É por isso que nunca nenhum mestre aconselhou que se lutasse contra o corpo ou que se o abandonasse, embora os seus seguidores, pelo menos os que se identificavam com a mente, o tenham feito muitas vezes.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 127)

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