Você sabia que a agressão física não é a única forma de violência que existe?
Talvez a agressão física seja a fronteira final de tudo o que pode ser caracterizado dentro do espectro do abuso e da violência emocional no ambiente das relações.
É comum que pessoas acostumadas a conviverem em ambientes agressivos nem se deem conta de que os maus tratos são maus tratos de verdade e o que ocorre, é que com o tempo acabam tendo um entendimento distorcido quando acham que sofrer abusos é normal e perdem totalmente a dimensão do que pode ser trágico.
Recentemente ouvi um relato em que um casal, após muitas brigas onde os vizinhos inclusive tiveram que interceder pela escuta também abusiva dos berros , desaforos e palavrões, foram parar na justiça. Ela, visivelmente marcada pela violência do parceiro, apesar de ter aparecido com maquiagem forte, não pode esconder os roxos espalhados pela sua face, devido a violência a que fora submetida. No decorrer do processo porém, a mulher levantou-se da cadeira e disse que estava retirando a queixa sobre o parceiro e que havia sido induzida pelos tais vizinhos a faze-la. Na sequencia contou que o ocorrido não fora nada de grave, apenas uma discussão casual. Ao ser questionada pelos berros, contou que não tinha lembrança e que se houve algum, poderia ser por conta dela ter tropeçado e que ao se machucar, até poderia ter acontecido algum, pelo fato de ambos terem ficado assustados pela sua queda.
Histórias como esta, nos seus mais variados graus é o que não faltam por aí. Muitas outras na mesma categoria, se quer saem de dentro de casa, quer seja pelo medo, pelo desconhecimento ou descaracterização do tamanho da gravidade do que está se passando.
Já ouvi muitos casos de mulheres que sofrem pelos surtos de agressividade dos parceiros. Isso costuma ocorrer quando estes tem algum ciúmes, quando elas não fazem a contento o que eles determinaram que fizessem, ou mesmo quando eles imaginam algo que elas deveriam ter feito e que nem elas mesmas sabiam que teriam que fazer. Em todas essas ocasiões, pagam um preço muito alto pela suposta desobediência e os castigos costumam ocorrer pela violência verbal, física ou psíquica, quando são desqualificadas e totalmente desacreditadas no quer que seja. Estas mesmas mulheres, quando ainda não estão despertas ou quando se encontram aterrorizadas pelo medo que os parceiros lhes incutem, acreditam que ficam com os parceiros porque no fundo eles são pessoas boas e apesar de serem recorrentes em suas violências, são bons só que lá no fundo... Será? E mesmo se acaso forem...o que muda a realidade abusiva pela qual passam as suas pseudo vidas? Na verdade essa questão é o que menos importa aqui e sim a consciência do abuso emocional, moral e da violência muitas vezes velada que passam e que muitas vezes vem em doses homeopáticas, não tão explicitamente claras, o que pode confundir ainda mais as vitimas.
Lembrando que este montante é absolutamente passível de ocorrer do lado inverso, ou seja, a mulher acuando o homem ou mesmo nas relações de mesmo gênero. Independe.
Relacionamentos onde um dos parceiros se sente acuado e totalmente ameaçado quer seja moralmente, ou por uma violência velada que o induz a entender que se não fizer o que o outro deseja que as consequências serão perigosas, é uma forma de abuso e de violência das mais danosas e perversas que podem ocorrer na vida de uma pessoa. Um aprisionamento que muitas vezes parece não ter saída.
Conheço muitas historias de dramas familiares, de situações terríveis que acontecem dentro da própria casa que ninguém ousa tocar no assunto e que no mundo exterior a família ainda se comporta de modo impecavelmente perfeito.
Existem casos de mães e pais violentos e que depois dos surtos, por perplexidade e medo, ninguém tem coragem de falar sobre o ocorrido e que com o tempo chegam até a duvidar se o que ouve foi de fato real. Insano.
Hoje mais do que nunca existe um alarme acionado para que se fale sobre o assunto. As mulheres ainda são as maiores vitimas de toda sorte de abuso. Muitos homens abusam de seus tamanhos e de sua força partindo para cima, quando a mulher da qualquer sinal de existir fora da submissão por eles imposta...
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