quarta-feira, 6 de abril de 2016


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* Clarice tem razão!* 
06/04/16




Faz algum tempo,  
deixei de usar meus óculos de lentes coloridas
     ... ele ajustava as imagens pra mim.
E  o que deveria significar - 'a minha liberdade'
     ... já que enxergo melhor ...
na verdade foi mesmo - um decreto de morte!

Morte da esperança
     ... de que as coisas poderiam melhorar!?
Morte da resistência à frustração
     ...  perdi o filtro que me protegia!
Morte do sonho
     ... implosão do meu castelo!

O mais estranho é que ...
enquanto quase tudo morre ou desmorona
minha consciência fica cada vez mais desperta!
É indiretamente proporcional à ilusão!

A frustração me atinge na cara, sem escudo
acerta em cheio o meu nariz
e como dói!

Chego até a sentir saudade dos meus óculos
... com ele eu podia dourar a pílula
... ver tudo azul – verde – rosa!
... até fazer de conta que não era tão triste!

Mas não funcionaria  mais
... isso só acontecia porque
não percebia que  estava com ele!
Tornou-se  objeto desnecessário
...  por ter perdido a utilidade!


Hoje, vou fazer como disse Clarice
‘vou colocar-me numa  redoma ...
vou poupar-me ...  como se fosse de ouro’!





Retrato de Clarice Lispector feito por Dimitri Ismailovitch em 1974.
Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920. Veio para o Brasil ainda bebê


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