154
06/04/16
Faz
algum tempo,
deixei
de usar meus óculos de lentes coloridas
... ele ajustava as imagens pra mim.
E o que deveria significar - 'a minha liberdade'
... já que enxergo melhor ...
na
verdade foi mesmo - um decreto de morte!
Morte da esperança
... de que as coisas poderiam melhorar!?
Morte da resistência à frustração
... perdi o filtro que me protegia!
Morte do sonho
... implosão do meu castelo!
O mais
estranho é que ...
enquanto
quase tudo morre ou desmorona
minha consciência fica cada vez mais desperta!
É
indiretamente proporcional à ilusão!
A
frustração me atinge na cara, sem escudo
acerta em
cheio o meu nariz
e como
dói!
Chego
até a sentir saudade dos meus óculos
... com ele eu podia
dourar a pílula
... ver
tudo azul – verde – rosa!
... até
fazer de conta que não era tão triste!
Mas não
funcionaria mais
... isso só
acontecia porque
não
percebia que estava com ele!
Tornou-se
objeto desnecessário
... por ter perdido a utilidade!
Hoje,
vou fazer como disse Clarice
‘vou colocar-me
numa redoma ...
vou poupar-me ... como se fosse de ouro’!
Retrato de Clarice Lispector feito por Dimitri Ismailovitch em 1974.
Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920. Veio para o Brasil ainda bebê
Nenhum comentário:
Postar um comentário