segunda-feira, 25 de abril de 2016






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Sobre o trono que é seu
(Ensaio sobre o egoísmo)
25/04/16


A criança que esconde as palmas das mãos,
depois de uma má ação praticada por ela,
quer inconscientemente,
ocultar que tenha sido de sua autoria ...
Talvez tenha noção, em algum nível,
 de que foi uma ação “indevida”.

Não me refiro a sua inocência tão pura quanto essencial.
Refiro-me à imaturidade, natural na criança
- mas daquela fora de época para o comportamento
do adulto,  levado ao extremo -
que  o torna incapaz de reconhecer seu erro
e ainda passa a enxergá-lo no outro.

 O que fazer com essa ‘criança’?
Com ela é impossível argumentar!
Tentará de todas as maneiras obter seu “brinquedo”.
Ela fará ‘birra’ – não aquela de jogar-se no chão.
 Mas outras tantas que ‘desenvolveu’ como úteis.
Apenas devemos deixar que ‘enfie o dedo na tomada’ e aprenda assim que:  
considerar as advertências de quem lhe quer bem,
pode poupar-lhe muito sofrimento.
Depois do choro e do susto, certamente aprenderá!



Não é possível dialogar com o egoísta  porque  é iletrado, não das letras em si.  Ele desconhece o alfabeto emocional, exceto a parte que diz respeito a si mesmo – uma extensão do útero materno – de onde nunca saiu.

Apenas ‘balbucia’ rudimentos para saciar suas necessidades e abusa de subterfúgios, para que, quando falharem seus ‘balbucios’, tenha meios de obter o que quer à força, mesmo que em detrimento das outras pessoas. 

Sequer considera a importância da existência de outro ser fora de si mesmo.  Lança mão de todo tipo de ação para provar que está sendo injustiçado!  Ele tem poder enorme para ‘delirar’ em cima de situações tidas como ‘adversas’, desde que se tornem favoráveis a ele.  É sempre muito bom em distorcer, inverter as coisas em seu favor.

Torna-se pessoa ingrata, como se padecesse de ‘fomes crônicas’, por mais que lhe seja ofertado, não sabe receber ou não consegue reter.

Tem vocabulário pequeno, algumas palavras não conhece, outras modificou seus significados.
Misericórdia é lida como  miséria para si mesmo.
Respeito ao outro é questão de desonra a sua pessoa.
Controle é conhecido como ‘cuidar do outro’ [porque sabe sempre o que é melhor – tendo como referência - si mesmo].
Perdão é palavra que não consegue pronunciar, lhe parece mais uma ‘aberração’.
Humildade é humilhação.
Amor - uma palavra vazia, ainda não catalogada.


Não sabe ser pai/mãe, porque não deixou de ser filho/filha.  Centraliza-se no seu próprio umbigo.  Em suas relações esconde suas verdadeiras intenções, para estar sempre alguns passos à frente do outro.  Hábil em frustrar a quantos lhe compartilhem o teto ... sempre segundo suas regras.
Péssimo par amoroso, não sabe nem gostar de si!
Possui um projetor em sua cabeça, que se encarrega de expulsar, para fora dela, as imagens de que não gosta, e assim enxergá-las sempre, fora de si.

Sente orgulho em quebrar-se, porque curvar-se é sinal de fraqueza!

Quando eventualmente compartilha alegria, sente que divide ... mas quando se trata de dores é bem 'caridoso', tenta livrar-se delas, infundindo-as ao outro.

Traz no peito, amargura incontida, que extravasa, é muito perceptível na sua fala e a um toque de mão.  Um rancor que assusta, porque nem sempre é proporcional ao fato desagradável.  À primeira vista, às pessoas desavisadas, causa uma grande inadequação, que eu chamo de “culpa transferida” ... tal o seu poder de convencimento!

É preciso sempre, estar de sobreaviso, para não sermos joguetes em suas mãos.  Conviver com o egoísta, sobretudo, é um exercício para o nosso próprio crescimento, porque reconhecemos naquele que nos incomoda, uma parcela do egoísmo que ainda trazemos em nós.  Nos vemos forçados a lidar com a soma dos egoísmos, o que é impossível!  Só daremos conta do nosso!  E isso já é uma tarefa hercúlea!






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