segunda-feira, 25 de abril de 2016



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A minha pasárgada 
30/06/06


Às vezes a vida nos nega apoio; e nesses momentos necessitamos buscar dentro de nós um lugar de aconchego – onde se possa restabelecer o equilíbrio.  E só lá!

O local físico de que me recordo, nem existe mais, está bem diferente, a água secou – fizeram secar para que se construísse uma praça – a geografia não é mais a mesma.

Em minha mente, tudo está do jeito que era, como vi da última vez ... a água, ainda flui num barulho ruidoso.

Os ramos das árvores se curvam e as folhas dançam com o vento, fazendo desenhos nos rostos de quem se colocar debaixo deles.

Ando pela relva fresca, flutuo de pés descalços sem sair do chão, embora de olhos fechados, presencio a cena, ouvidos e olfato atentos.

Minhas mãos tocam a vegetação mais crescida e sei que as flores silvestres estão um pouco mais abaixo [e sempre estarão], rasteiras e delicadamente perfumadas.

E então, sou perfeita em complementar a paisagem, com a aparência que escolher [alguma vez sou eu mesma] ... para hoje: coroada por cabeleira quase ruiva, guirlanda florida, pele muito clara, as vestes são finas, de uma beleza transparente, não saberia dizer de que cor!   

Nesse estado, encontro tudo de que preciso e sinto a comoção prazerosa de ter o meu lugar nesse lugar, de poder fazer parte desse contexto.  É bom.  É a plenitude!

Caminho a passos lentos, é quase infinito, conheço cada palmo dele, mas nada me impede de me surpreender com algo novo.

O céu, pássaros, borboletas e outros insetos, que não perturbam ... executam todos, uma melodia que ninguém poderá escrever.


Eu o invadi, e ele  por sua vez  me invade.  E a paz desse lugar se apossa  de  todo o meu ser!

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