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A minha pasárgada
30/06/06
Às vezes a vida nos nega apoio; e nesses
momentos necessitamos buscar dentro de nós um lugar de aconchego – onde se
possa restabelecer o equilíbrio. E só
lá!
O local físico de que me
recordo, nem existe mais, está bem diferente, a água secou – fizeram secar para
que se construísse uma praça – a geografia não é mais a mesma.
Em minha mente, tudo está do jeito que
era, como vi da última vez ... a água, ainda flui num barulho ruidoso.
Os
ramos das árvores se curvam e as folhas dançam com o vento, fazendo desenhos
nos rostos de quem se colocar debaixo deles.
Ando pela relva fresca, flutuo de pés
descalços sem sair do chão, embora de olhos fechados, presencio a cena, ouvidos
e olfato atentos.
Minhas mãos tocam a vegetação mais
crescida e sei que as flores silvestres estão um pouco mais abaixo [e sempre
estarão], rasteiras e delicadamente perfumadas.
E então, sou perfeita em complementar a
paisagem, com a aparência que escolher [alguma vez sou eu mesma] ... para hoje: coroada por cabeleira quase
ruiva, guirlanda florida, pele muito clara, as vestes são finas, de uma beleza
transparente, não saberia dizer de que cor!
Nesse estado, encontro tudo de que preciso
e sinto a comoção prazerosa de ter o meu lugar nesse lugar, de poder fazer
parte desse contexto. É bom. É a plenitude!
Caminho a passos lentos, é quase infinito,
conheço cada palmo dele, mas nada me impede de me surpreender com algo novo.
O céu, pássaros, borboletas e outros
insetos, que não perturbam ... executam todos, uma melodia que ninguém poderá
escrever.
Eu o invadi, e ele por sua vez me invade. E a paz desse lugar se apossa de todo o meu ser!
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