[Textos - 3 - "Dor"]
A arma que me feriu
tinha em sua lâmina um tipo de anestésico, porque embora o corte tenha sido de
precisão cirúrgica, contínua e sorrateira, eu pouco senti!
Dei-me! ... "como
quem dá-se ao carrasco", que o fez debaixo
para cima, de forma vertical, até que a deixou fincada, entre algum osso e um
órgão vital.
Toda arma branca causa
sempre um dano maior ao ser retirada, do que quando aplica o golpe, porque ao
fazer o caminho contrário, para fora do corpo,
ela corta novamente o que já
estava ferido!
Tive que fazer o
trabalho
que o carrasco não fora capaz de finalizar... retirá-la!
Dessa vez, sem anestesia,
com minhas próprias
mãos,
eu a arranquei de mim.
A experiência foi
lancinante!
Conheci então a cor das
minhas vísceras, assumi o meu limiar de dor e dei-me conta do que tinha feito
com minha vida.
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