segunda-feira, 7 de setembro de 2015



[Textos - 3 - "Dor"]


A arma que me feriu tinha em sua lâmina um tipo de anestésico, porque embora o corte tenha sido de precisão cirúrgica, contínua e sorrateira, eu pouco senti!
Dei-me! ... "como quem dá-se ao carrasco",  que  o fez  debaixo para cima, de forma vertical, até que a deixou fincada, entre algum osso e um órgão vital.
Toda arma branca causa sempre um dano maior ao ser retirada, do que quando aplica o golpe, porque ao fazer o caminho contrário, para fora do corpo, 
ela corta novamente o que já estava ferido! 
   Tive que fazer o trabalho 
que o carrasco não fora capaz de finalizar... retirá-la!  
Dessa vez, sem anestesia, 
com minhas próprias mãos, 
eu a arranquei de mim.
A experiência foi lancinante!
Conheci então a cor das minhas vísceras, assumi o meu limiar de dor e dei-me conta do que tinha feito com minha vida.


07/09/15


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