(Por Tim O'Brien - 2000)
Nzinga, a rainha negra que combateu os traficantes portugueses
...No lugar de prata, escravos
O interesse inicial dos portugueses, em Angola, não era o tráfico de escravos mas as riquezas do país, suas jazidas de prata, cobre e sal. Além disso, o domínio de Angola abriria caminho para chegar, por terra, até as fabulosas minas de Monomotapa (atual Zimbábue). Acreditando que Angola seria um novo Peru, o rei de Portugal e Espanha (era o início da União Ibérica) enviou soldados, armas e canhões para derrotar os angolanos.
Foram 24 anos de combates até os portugueses finalmente atingirem, em 1603, às supostas minas de prata de Cambambe, ao sul de Luanda. Mas o contentamento durou pouco: as amostras colhidas revelaram-se de chumbo. Não havia prata em Cambambe. Decepcionado, o rei Felipe III mandou suspender a conquista e limitar-se ao tráfico de escravos.
O porto de Luanda tornou-se o local de embarque de milhares de escravos. Por volta de 1600, a média anual era de 5.600 escravos provindos de diversas partes da África e embarcados para a América.
Em Luanda chegavam vinhos portugueses, artigos de ferro e latão, mantas do Alentejo, lãs e linhos de Flandres, contas de vidro de Veneza, algodão e musselina da Índia a ainda produtos brasileiros como a farinha de mandioca. Como moeda usam-se os panos fabricados no Congo que recebiam um carimbo com o emblema real e eram usados para a aquisição de escravos. Conforme relata Costa e Silva, esses tecidos, em geral, não eram usados como roupas; passavam de mão em mão até se desgastarem e puírem, perdendo progressivamente parte de seu valor...
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