sábado, 30 de abril de 2016



Por que não se deve argumentar com um abusador emocional


“Eu passei várias semanas organizando os papéis e arquivos domésticos que Ernie e eu havíamos acumulado por mais de 20 anos. Após uma triagem, eu categorizei tudo e criei um código com cores para os arquivos: Negócios, médico, seguro, pessoais, etc. O resultado foram três gavetas de arquivos. Foi um trabalho longo e enfadonho. Às vezes eu falava para Ernie sobre como o trabalho estava progredindo. Finalmente, depois de duas semanas de trabalho, eu estava feliz por ter concluído. Eu disse: ´´Ernie, terminei os arquivos. Deu muito trabalho”. Eu abri as gavetas e mostrei o que tinha feito. Ele disse: ‘´Uau! Estou impressionado´’. Com um sorriso, eu disse, ´’Você está?’´. Ele respondeu com uma voz estranha: ‘´Estou impressionado com a forma como você fez para esses nomes caberem em todas essas pequenas etiquetas´’. Eu disse, ´’Oh, Ernie, eu os digitei. Essa não foi a parte mais difícil…”. Ele me interrompeu com um olhar sério e disse: ´’Bem, eu acho que foi”.
O abuso emocional pode acontecer sempre dessa forma sutil, como a história de ´Evans´ ilustra. No entanto, ele deixa a vítima com muita dor e confusão. Acreditando em uma realidade diferente, onde as pessoas são racionais e se comunicam de forma racional, a vítima tenta dar sentido ao tratamento do seu agressor, sem entender que, às vezes, o comportamento dos outros não faz sentido, não tem explicação racional, e não tem nada a ver com ele ou ela.

Mas apensar de se sentir mal, a vítima não tenta colocar um fim nisso, ela prefere continuar procurando explicações sobre o que poderia ter motivado o abusador a tratá-la dessa forma. A vítima acredita que alguma coisa no seu comportamento teria motivado a atitude e que merecia ser tratada mal.
Porque a vítima ainda não compreende totalmente a ideia de um abuso emocional – um abuso em um nível puramente verbal ou mental – ela pensa que os maus-tratos do abusador devem ter uma explicação racional.
Então, a vítima confronta o comportamento, não da forma como deveria enfrentar esse tipo comportamento, mas da forma como ela lida com um comportamento racional. A vítima pede uma explicação, pede exemplos das generalizações feitas pelo abusador, e pede para o abusador dar um  sentido ao abuso.
Mas a vítima acaba perdendo. Abusadores verbais e emocionais não agem racionalmente. Procurar uma razão ou tentar argumentar com eles é inútil. Eles não têm razões para se comportarem dessa maneira e vão responder com mais abuso.
Você não pode racionalizar um abusador.
Poucas pessoas realmente compreendem o abuso emocional. A maioria das pessoas que estão nesta situação não percebem ao que estão expostas. Elas desesperadamente querem que os outros se comportem de forma racional. Elas entendem que sempre há boas razões para sentir raiva e irritação. Elas entendem que nem todos se dão bem o tempo todo. Mas elas não conseguem ver que, quando alguém é verbalmente abusivo, suas ações não estão fundamentadas na razão.
Responder eficazmente ao abuso verbal requer, antes de tudo, reconhecer que não faz qualquer sentido tentar argumentar com o agressor.
Um agressor verbal irá definir a sua realidade, decidir o que você pode ou não pode fazer, e vai tratá-la como a parte feia de si mesmos, uma parte que eles precisam se livrar.
Há apenas uma maneira de acabar com o abuso verbal: Chamando a atenção do agressor.
Se isso não funcionar, a única saída é deixar essa relação tão rápido quanto você puder.
Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptado por Psiconlinews


Pesquisa: A agressão verbal machuca, no mínimo, tanto quanto a agressão física






Repreensões, xingamentos, gritos, insultos, ameaças, ridicularizações, humilhações, e críticas podem ser tão prejudiciais quanto um abuso físico ou sexual, observa um relatório na edição de abril da Mental Harvard Health. O relatório sugere que quando a agressão verbal é constante e grave, ele cria um risco de transtorno de estresse pós-traumático, o mesmo tipo de colapso psicológico muitas vezes experimentado por soldados.


A pesquisa em que o relatório se baseia aponta ainda que crianças que são alvos de maus tratos verbais frequentes apresentam taxas mais elevadas de agressão física, delinquência e problemas sociais do que outras crianças.
Muitos estudos correlacionam o abuso físico e sexual a efeitos no cérebro e no comportamento, mas os maus tratos emocionais nunca receberam a mesma atenção”. A exposição à agressão verbal tem recebido pouca atenção como uma forma específica de abuso”, observa Martin Teicher, professor de psiquiatria no Hospital McLean. “Mesmo que um estudo nacional tenha revelado que 63 por cento dos pais norte-americanos tenham relatado que ocasionalmente se utilizam da agressão verbal como recurso para a educação dos filhos.”

Outras pesquisas associaram a agressão verbal na infância com um risco significativamente maior de desenvolver uma personalidade instável, irritada, comportamentos narcisistas, transtornos obsessivo-compulsivo e paranoia.
“A agressão verbal pode também ter consequências mais duradouras do que outras formas de abuso, porque geralmente é contínua”, afirma Teicher. “E em combinação com o abuso físico e a negligência, pode produzir o resultado mais terrível. No entanto, agências de proteção à criança, médicos e advogados estão mais preocupados com o impacto do abuso físico ou sexual”.
Esta situação incentivou Teicher e suas colegas – Jacqueline Samson, Ann Polcari, e Cynthia McGreenery – a fazer um estudo comparando o impacto da agressão verbal na infância, tanto na presença quanto na ausência de abuso físico e sexual e exposição à violência familiar.

Abuso verbal vs Abuso físico

Os pesquisadores recrutaram 554 jovens, com idades entre 18 a 22 anos, para responderem um questionário. Cerca de metade eram mulheres; a maioria era branca. Todos eles preencheram questionários sobre a infância e abuso verbal.
Uma pessoa que ilustra muito bem o perfil dos entrevistados é Ângela, uma caloura da faculdade de 18 anos de idade que participou do estudo depois de ver uma propaganda no metrô  direcionada a pessoas que tiveram uma infância infeliz. “Acho que esta é a primeira vez que eu penso sobre essas coisas tão a fundo em toda a minha vida”, disse ela, “e com certeza é a primeira vez que eu falo sobre isso”.
Os pesquisadores descobriram que a agressão verbal tem efeitos tão graves quanto os maus tratos físicos ou a violência sexual. Descobriram também que a agressão verbal por si só é um fator de risco particularmente forte para a depressão, a agressividade e transtornos de dissociação.

O trauma pode afetar o cérebro


As descobertas levantaram a possibilidade de que a exposição à agressão verbal pode afetar o desenvolvimento de certas regiões cerebrais ​​em indivíduos susceptíveis. Independentemente do estado de saúde mental, jovens maltratados na infância apresentaram reduções de 6% em duas partes do hipocampo, em média, e de 4% nas regiões chamadas subiculum e presubiculum, em comparação com pessoas que não tinham sofrido abusos verbais.
É aí que este estudo começa a unir pontas soltas observadas em pesquisas anteriores. Os dados anteriores sugeriam que os altos níveis de hormônios do estresse causado pelos maus-tratos infantis poderiam danificar o hipocampo, o que por sua vez poderia afetar a capacidade dessas pessoas de lidar com o estresse mais tarde. Em outras palavras, o estresse no início da vida torna o cérebro mais resistente aos efeitos do estresse mais tarde.
Porém, ainda há esperança. O cérebro é muito “plástico” – é capaz de mudar sua resposta às experiências, especialmente àquelas experiências repetidas e marcadas. Além disso, o cérebro é muito mais plástico durante a primeira infância. A identificação das agressões e a intervenção precoce tem a capacidade de modificar a influência no desenvolvimento das crianças abusadas e negligenciadas em muitos aspectos positivos.
Os elementos de uma intervenção bem sucedida deve ser guiada por princípios fundamentais do desenvolvimento cerebral. O cérebro muda sua forma dependendo do modo que é utilizado. As intervenções terapêuticas que restauram a sensação de segurança e controle são muito importantes para a criança gravemente traumatizada.
“Possíveis consequências incluem o apego inseguro com os outros, sentimentos negativos sobre si mesmo, pior funcionamento social e baixa auto-estima”. O pior é que, de acordo com Teicher, “tais possibilidades não são mutuamente exclusivas”.
A pesquisa de Teicher, até então inédita, mostrou que a exposição ao abuso verbal afeta certas áreas do cérebro. Estas áreas estão associadas a alterações ao QI verbal, bem como aos sintomas de depressão, de dissociação, e de ansiedade.
Palavras duras ocasionais não irão traumatizar uma criança para a vida, mas a contusão verbal frequente pode ser tão ruim quanto pauladas e pedradas, e podem quebrar ossos.
Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptado por Psiconlinews

sexta-feira, 29 de abril de 2016


“É essencial dar tempo para observar o que acontece na mente, caso contrário, nossos pensamentos, que são nossa criação, podem ter controle sobre nós. A chave é saber quem é que está criando, sentindo e levando consigo esses pensamentos. Enquanto os cientistas encontram respostas sobre o mundo exterior, precisamos nos voltar para a espiritualidade para conhecer o eu interior. Sou uma alma, um ser eterno, aquele que cria os pensamentos, processa-os em palavras e ações e vivencia seus resultados. Eu não sou os pensamentos.”
Brahma Kumaris





Posso compreender a suprema importância do Agora, mas não consigo compreendê-lo bem quando diz que o tempo é uma completa ilusão.
Quando digo que o "tempo é uma ilusão", não é minha intenção fazer uma afirmação filosófica. Estou simplesmente a lembrar-lhe um simples facto - um facto tão óbvio que poderá ter dificuldade em compreender o seu sentido e até poderá mesmo achar que não faz sentido -, mas assim que o compreender plenamente, ele atravessará todas as camadas de complexidade e de "problemas" criados pela mente. Deixe que lhe diga uma vez mais: o momento presente é tudo o que você tem. Nunca há na sua vida qualquer momento que não seja "este momento". Pois não é isto um facto?
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 74)



A finalidade interior da jornada da sua vida
A jornada da sua vida tem uma finalidade exterior e uma finalidade interior. A finalidade exterior é atingir a sua meta ou o seu destino, o que, evidentemente, significa o futuro. Mas se o seu destino ou os passos que vai dar no futuro ocuparem tanto a sua atenção que se tornam mais importantes para si do que o passo que está a dar agora, então passará completamente ao lado da finalidade interior da jornada, que não tem nada a ver com o destino da sua jornada ou com aquilo que você faz, mas tem tudo a ver com a forma como faz. Não tem nada a ver com o futuro, mas tem tudo a ver com a qualidade da sua consciência neste momento.
A finalidade exterior pertence à dimensão horizontal do espaço e do tempo, a finalidade interior diz respeito a um aprofundamento do seu Ser na dimensão vertical do Agora intemporal. A sua jornada exterior pode ter um milhão de passos, a sua jornada interior tem um único: o passo que você está a dar neste preciso momento. À medida que você se vai tornando consciente deste passo único, verá que ele já contém dentro de si todos os outros passos e também o destino. Ele leva-o para dentro do Ser, e a luz do Ser brilhará através dele. É ao mesmo tempo a finalidade e a realização da sua jornada interior, a jornada para dentro de si próprio.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 102)

Fortalecer o sistema imunitário
Um outro benefício deste exercício no domínio físico é o fortalecimento do sistema imunitário que ocorre quando você habita o corpo. Quando mais consciência tiver do corpo, mais forte se tornará o seu sistema imunitário. É como se cada célula acordasse e se enchesse de alegria. O corpo adora receber a sua atenção. É também uma forma eficaz de autocura. A maioria das doenças insinua-se quando você não está presente no seu corpo. Se o dono não estiver em casa, ela será invadida por uma série de pessoas suspeitas. Se você habitar o seu corpo, será difícil que entrem nele visitantes indesejáveis.
Não é apenas o seu sistema imunitário físico que se fortalece, o seu sistema imunitário psíquico também se torna mais forte. Este último protege-o dos campos de força, negativos, mentais e emocionais dos outros, que são altamente contagiosos. Habitar o corpo protege-o não por erguer um escudo, mas por fazer aumentar a frequência vibratória do seu campo de energia total, de forma que qualquer coisa que vibre a uma frequência mais baixa, como por exemplo o medo, a ira, a depressão, e outras coisas semelhantes, passe a existir numa ordem diferente da realidade. Não volta a entrar no seu campo de consciência mas, se entrar, você não terá de lhe resistir porque não o afetará. Por favor, não aceite nem rejeite aquilo que lhe estou a dizer. Ponha-o à prova.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 135)



Por vezes, depois de ter estado muito ativa, a minha mente adquire um tal ímpeto que me é impossível afastar dela a minha atenção e sentir o meu corpo interior. Acontece particularmente quando entro num padrão de preocupação ou de ansiedade. Tem alguma sugestão?
Se em qualquer altura achar que é difícil entrar em contato com o corpo interior, poderá ser mais fácil se concentrar primeiro a sua atenção na respiração. A respiração consciente, que é uma forma poderosa de meditação, pô-lo-á gradualmente em contato com o corpo. Siga atentamente a respiração à medida que ela entra e sai do seu corpo. Sinta o abdômen a expandir-se e a contrair-se ligeiramente a cada inspiração e expiração. Se tiver uma boa capacidade de visualização, feche os olhos e visualize-se rodeado de luz ou imerso numa substância luminosa - um mar de consciência. Depois inspire essa luz. Sinta a substância luminosa a encher o seu corpo, tornando-o também luminoso. Depois, gradualmente, concentre-se ainda mais em sentir o seu corpo. Você está no seu corpo, agora. Não se apegue a nenhuma imagem visual.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 137)




A Natureza existe num estado de unicidade inconsciente com o todo. É por esta razão, por exemplo, que praticamente não morreram animais selvagens durante o tsunami em 2004. Uma vez que estão mais em contato com a totalidade do que os seres humanos, os animais foram capazes de sentir a aproximação do tsunami muito antes de este poder ser visto ou ouvido e, portanto, tiveram tempo para fugir para as terras mais altas. Talvez eu esteja a ver a questão segundo um ponto de vista humano. Os animais talvez tivessem dado simplesmente por si a encaminhar-se para as terras mais altas. Fazer disto por causa daquilo é a maneira de a mente fragmentar a realidade, ao passo que a Natureza vive na unicidade inconsciente com o todo. É o nosso propósito e o nosso destino trazer uma nova dimensão a este mundo, vivendo a unicidade consciente com a totalidade e em sintonia consciente com a inteligência universal.
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 225)





Sol

"Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira."
Léon Tolstoi

quinta-feira, 28 de abril de 2016


Dai-me, Senhor, a perseverança das ondas do mar
que fazem de cada recuo um ponto de partida
para um novo avanço.

Gabriela Mistral - Chile (1889-1957)


''O Sol vê seu corpo. A Lua vê sua alma.''












 Essência

“Perder uma ilusão
faz você mais sábio
que achar uma verdade.”
(Karl ludwig Borne)







"E disse o divino: 'ame a seu inimigo!'
E eu obedeci e amei a mim mesmo."
Khalil Gibran












Eu morri mineral, tornei-me planta.
Morri planta, tornei-me animal.
Também morri animal,
para tornar-me homem.
Por que temerei a morte,
uma vez que jamais perdi
e somente ganhei?
Minha próxima etapa será
elevar-me ao estado de anjo.
Mesmo anjo, morrerei
para me alçar ao estado
que ultrapassa todo entendimento.
Rumi




SINCERICÍDIO






Quem de nós não conhece alguém inconveniente que, sob o pretexto de ser sincero despeja palavras carregadas de “verdades próprias” que machucam quem as ouvem? A palavra sincero é derivada do latim ” sin cera” e significa o seguinte: Na Roma antiga, os senadores encomendavam aos artistas que confeccionassem uma estátua que representasse eles próprios. Recomendavam que as estátuas não poderiam ter trincas, rachaduras, teriam que ser perfeitas. Quando os artistas erravam o cinzel nas trincas e rachaduras, preenchiam com cera. Daí a preocupação dos senadores: queriam uma estátua “sem cera”. O termo ao longo do tempo tornou-se sinônimo de autenticidade, de sinceridade.
A sinceridade é reconhecida como uma virtude, no entanto, por vezes é mascarada de crueldade e humilhação. O sincero se sente justificado e incompreendido pois afinal, só falou a “verdade”.  Verdade? O que é a verdade? Um ponto de vista pessoal e particular talvez. O sincero não falou a verdade, disse o que pensava sem filtros e ainda acha que o outro que se magoou é sensível demais e não suporta ouvir “verdades”.
Algumas vezes o sincero tem boa intenção pois acredita que, ao se preocupar com um amigo, por exemplo, deva-lhe dizer a verdade como forma de alertar-lhe de algum risco; risco de se ferir emocionalmente, de sair na rua de forma inadequada, de falar o que não deveria, etc. Mesmo assim, existem maneiras adequadas e acertadas de falar.
Outra forma de sincericídio é quando a pessoa diz a verdade com o desejo consciente de aborrecer e repudiar: “Você engordou, hein!” Sabe a pessoa que não será bem vindo tal comentário porque acentua uma dificuldade, expõe uma fragilidade e nada acrescenta. Por que diz então? Diz para tripudiar, para se sentir superior, para tirar a atenção sobre os próprios pontos fracos e colocar luz sobre os defeitos alheios, por pura fraqueza e tirania. Há quem sinta um enorme prazer em praticar sincericídio, prazer sádico e egoísta, é fato.
Assim, temos que reconhecer que a sinceridade é uma virtude suspeita e que algumas vezes provoca um efeito nefasto e devastador.
A sinceridade é a crença no próprio dizer, ela tem pouco a ver com a verdade.
O casamento é uma cruel vítima do sincericídio, onde o excesso de intimidade torna-se pernicioso e algumas “verdades” são ditas como navalha. Dar a opinião sobre a família do parceiro, sobre suas dificuldades emocionais, ou pior ainda, quando entre amigos um começa a falar mal do outro expondo fraquezas e abrindo feridas. O sincericida não se dá conta de seu poder bélico. Realmente não compreende a reação que causa com suas palavras bomba. Acha que a ideia de que apenas fala o que pensa, não merece críticas.
O fato é que muitas amizades, empregos e casamentos ficam intoxicados por pessoas que agem desta forma. Aos sincericidas, sincericínicos, sincerisádicos, minha dica: não se dêem tamanha importância… Suas opiniões são apenas pontos de vista filtrados por sua miopia e experiência pessoal. Continuem a dar sua opinião mas não a chamem de verdade. Sabendo como falar é completamente possível ser sincero. Sincero e sensível, sincero e empático, sincero e educado. Que tal?

quarta-feira, 27 de abril de 2016

arte: Agnes Cecille

Raquel Amaral
                                                                                     
"Quando vocês têm sentimentos de amor extraordinários, eles vão direto do seu coração para o coração dos outros. Podemos até falar idiomas diferentes, mas são os sentimentos que fazem o trabalho. E as pessoas captam os seus sentimentos através dos seus olhos. Agora, o mundo todo está precisando da chuva do amor. É através dessa chuva que a atmosfera pode se tornar fresca. Esta é a Era das Mudanças, onde o que é amargo se transforma em doce. Experimentem falar coisas doces para as pessoas que estão perto de vocês e vejam como isso mudará os sentimentos delas."
Dadi Janki
Raquel Amaral



Arte: Agnes Cecille

"O caminho que escolhi é o do amor. Não importam as dores, as angústias, nem as decepções que eu vou ter que encarar. Escolhi ser verdadeira. no meu caminho, o abraço é apertado, o aperto de mão é sincero, por isso não estranhe minha maneira de sorrir e de te desejar o bem. É só assim que eu enxergo a vida, é só assim que eu acredito que valha a pena viver."

Clarisse Lispector
Raquel Amaral



“Os frutos que crescem na árvore não são ingeridos por ela. O poço nunca bebe sua própria água. O sol não usa seu calor e luz. Nada tem utilidade por si só, o valor está em servir. Como seres humanos, ficamos alegres ao servir outros. Essa lei sustenta a verdade “é dando que se recebe”, portanto o sábio nos relembra: “receba respeito, dê respeito”, “receba amor, dê amor” e “receba bênçãos, dê bênçãos”. Essa lei funciona mesmo em nível de vibrações e pensamentos. Pratique-a.”
Brahma Kumaris

terça-feira, 26 de abril de 2016

http://amenteemaravilhosa.com.br/quando-silencio-esconde-grito/

Quando o silêncio esconde um grito









No silêncio existe ausência de palavras, é verdade. Mas os silêncios também envolvem uma presença, a presença de uma mensagem que não foi dita, mas que está aí. Os silêncios não são falhas de comunicação, mas comunicam algo que não se diz com palavras.
Assim como existem palavras que não dizem nada, há silêncios que dizem tudo. Há silêncios que acusam e há silêncios que matam. Silêncios que nascem da impossibilidade,  do medo ou  da confusão, e silêncios que expressam poder supremo. Silêncios prudentes e silêncios que angustiam. Silêncios que nascem da repressão e silêncios que liberam.
Na verdade, poderíamos falar sobre todo um idioma feito de silêncios, mas dentro das múltiplas formas de silêncio há um que é brutal, porque ele contém um grito. É o tipo de silêncio que surge depois de uma experiência avassaladora, em um momento em que não há palavras para descrever o que se sente.

O silêncio e o horror

Os silêncios que escondem gritos são quase sempre associado ao horror. O horror não é o mesmo que o terror. Como diz o dicionário, o terror é um medo intenso, enquanto o horror pode ser tanto um sentimento de medo quanto de aversão. Da mesma forma, enquanto o terror é causado por uma fonte material, o horror vem de uma fonte imprecisa.
Para que deixemos claro: o terror é experimentado frente a um objeto ou situação identificável; pode ser um inseto, um ditador ou um monstro imaginário. Por outro lado, experimenta-se o horror frente a uma ameaça latente, que vem de um objeto que está implícito, mas não totalmente definido. Horror é o que se sente diante de “seres do além”, “catástrofes” ou “perseguições”.
Precisamente, a indefinição dessas ameaças é um dos fatores que conduzem à instalação do silêncio. Como falar de um medo extremo, ou aversão extrema, se nem sequer está claro de onde ele veio, ou exatamente que mal pode causar? Apenas se sente que é “algo terrível”, mas além disso nada é claro.
Terror é o que você sentiria estando na frente de um leão furioso, em um lugar deserto. Horror é o que você experimenta quando alguém que você ama e que está perto de você morre de repente. Em ambos os casos verifica-se uma espécie de letargia, mas no horror é somado o peso da impossibilidade de descrever ou de explicar.
O horror envolve esses silêncios que escondem gritos. As palavras não podem expressar a magnitude de tudo aquilo que se sente. As palavras ficam devendo. Tudo o que é dito parece inútil: nem te livra da dor, nem permite que outros entendam quão longe ela chega.
Nesses casos, parece que as palavras não servem de nada. Portanto, a comunicação verbal é substituída por silêncios, mas também por lágrimas, por gestos de descontentamento, por suspiros… Essas expressões não permitem superar a dor, mas são a sua reiteração.

O grito e a poesia



A palavra é a única força capaz de dar um novo significado para as nossas experiências. É através da palavra que podemos dar uma ordem para o mundo em nossas mentes e extrair do nosso interior todas as formas de dor que nos habitam. Libertar a nós mesmos para podermos seguir em frente.
O grito é a nossa primeira expressão de vida ao nascer. Com esse grito inicial, anunciamos que já estamos aqui, que passamos o primeiro grande sucesso de nossas vidas. Nos separamos da nossa mãe e com o primeiro grito dizemos ao mundo que precisamos do mundo para seguir vivendo.
Às vezes, quando já somos adultos, sentimos que só um enorme grito pode expressar o que temos dentro de nós. Apenas uma expressão desconexa e desgarrada seria capaz de dizer que somos um ser indefeso que precisa do mundo.
No entanto, não podemos sair por aí gritando descontroladamente nesses transes extremos da vida. Por isso, o grito que não consegue achar seu caminho é substituído pelo silêncio. Mas tanto o grito abafado quanto o próprio silêncio mostram a incapacidade de se articular um discurso, ou seja, um testemunho coerente sobre o que acontece com a gente.
Qual é a saída, então? Precisamos gritar e não podemos. Precisamos conversar e as palavras não são suficientes. O que nos resta para continuar a processar esse sofrimento que nos machuca a cada minuto?
Quando a linguagem comum não funciona, a poesia torna-se uma urgência. E a poesia não é apenas um conjunto de versos estruturados, mas também se refere a todas as formas de expressão que utilizam os sentidos figurativos para se materializar.
A poesia é o canto, a dança, a pintura, a fotografia, o artesanato. Tricô, costura, decoração, restauração. Todo ato criativo realizado intencionalmente para moldar a dor que sentimos vale como poesia…
Talhar, esculpir, cozinhar … Cozinhar? … Sim, cozinhar. Alguém já leu “Como Água para Chocolate”? Ali Laura Esquivel nos mostra uma mulher que transmite sua dor à alimentação, e consegue com que os demais chorem de prazer.
Onde quer que as palavras sejam insuficientes e onde o grito se afoga, ali mesmo está o germe da poesia em todas as suas formas. E é para esse lugar de nós mesmos que devemos ir quando a dor e o horror vão além de nós.