974 __ ELOQUÊNCIA DO SENTIMENTO __ 24/05/19
Quando o sentimento cresce demais
e já não cabe mais em mim
(e diga-se de passagem - sou de pequeno porte)
ele tende a escapulir, pela saída que conhece
e se expõe feito uma ingênua debutante
aos olhares maliciosos e devoradores.
Vejo sorrisos amarelos,
que me mostram só os dentes
mas que, em nada compactuam
com tudo o que lhes revelo
ao arrancar-me as vestes da alma
bem debaixo dos seus olhos.
Vejo olhos que assentem
aos meus mínimos ais
e com eles se inflamam
em lágrimas se derramam
enquanto suas bocas se calam.
Vejo ouvidos que são moucos
nem sabem do que falo
devem nascer de novo
para entenderem do que se trata.
Suas bocas, a mim nada falam
seus olhos, nada dizem.
O sentimento, com nada se incomoda
se me expõe ao ridículo
ou se comigo, outros se identificam
se me entrega ao julgamento
ou se apenas me ignoram.
Autocentrado em suas necessidades
só quer aliviar-se
livrar-se temporariamente
da emoção em crise convulsiva
de que sofre com frequência.
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