7 __ MÃE __06/05/14
Mãe, que estranho ser! Sente crescer em si um outro ser que, inevitavelmente virá à luz, mas enquanto isso ela respira e seus pulmões, coração, estômago, sangue, sua vida, não são só seus! Existe um hóspede recebido no ninho quente e protegido. Então ela experimenta sensações das quais ouviu falar mas não as conhecia!
Integra como sua, esta parte que veio somar-se às sua riquezas. Durante toda a gestação, não há separação entre eles. O feto é ela e ela é o feto. Tudo o que for necessário a ele, será provido pela grande mãe natureza, de forma perfeita como só ela pode fazer!
Há troca de fluidos, emoções, diálogos, expectativas... Cúmplices por quase uma vida inteira! Ao menos é dessa forma que a mãe vê! Uma flor que veio crescer em seu jardim e alegrar a vida.
Desconforto no final para os dois, mãe e filho, até a tão esperada "boa hora". Inevitavelmente, há que buscar outro lugar para continuar a crescer, fora do útero. Então, o ser estranho se depara com essa parte de si, que já não é mais sua, agora fora de seu corpo, possuindo uma identidade distinta da sua, pronto para fazer uma história inédita. Um lindo espécime aperfeiçoado pela evolução. Seria, adeus simbiose?
Seu filho agora chora, tem fome, frio e expressa tudo numa linguagem a ser aprendida pelos dois. Essa convivência íntima gera aprendizado para as demais pessoas da família.
A criança cresce, a mãe amadurece, conhece o outro lado da co-criação. Vem a adolescência, assiste a passagem para a fase adulta de seu filho. Ele vai trilhar caminhos diferentes dos seus, acaba por tornar-se capaz de co-criar um outro ser independente.
Não importa o que aconteça, o quanto se afaste dela, ou o quanto se baste! Para esse ser, que nunca deixou de ser estranho, seu filho será sempre uma parte de si que emancipou-se. Mas não haverá nenhuma dor ou lágrima, alegria ou conquista saboreada por seu filho, que não seja sentida em sua própria carne!
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