domingo, 12 de maio de 2019

450 __ A PEDRA __ 12/05/17





A julgar pela pouca luz que entra pelas frestas da janela, ainda é cedo, o relógio ainda demora a avisar que é hora.

São tantos os caminhos, mas sei bem qual vou pegar.  Embora cheio de sombras, é o único que está aberto.

Quantos aos outros - os desconhecidos – outros pés já trilharam por eles e chegaram a algum lugar.  Eu me aventuro, timidamente e bem devagar, a caminhar por um ou dois passos em terreno que não conheço, até que se torne conhecido e tido como certo.

Em todos eles há sombras e sol, trechos íngremes e perigosos, quando não - se apresentam como verdadeiros despenhadeiros não menos ameaçadores e que despencam até a escuridão total.  

Em qualquer um, carrego uma pedra invisível aos olhos, feita de material denso, cuja origem a química não conheceu e que balança nenhuma é capaz de dizer quanto pesa.

Não existe um, em que seja fácil andar, seja por conter espinhos, ou folhagens que açoitam a minha pele, ao desbravá-los. Seja por apresentarem pedras pontiagudas no chão que ferem meus pés.  Seja pelas intempéries que caem sobre mim.


Uma pedra carregada, atrasa minha subida, mas a mesma pedra pode me fazer precipitar ladeira abaixo mais rápido.  Ao subir,  a pedra está sempre à minha frente – eu a empurro.  Ao descer, a pedra está atrás de mim, massacrando meu corpo, já tão cansado.

arte | catrin welz-stein

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