Meus silêncios sussurram quando querem
e se eles gritam,
é porque assim o desejam.
Cospem palavras
- puras verdades -
sentidas e guardadas por muito tempo.
Se forem de baixo calão, não estranhe
é que fermentaram demais, dentro da tigela
e depois foram levadas
à pressão da panela fechada
ou ao forno alto.
Meus silêncios falam
do que a boca não pôde falar.
Meus silêncios resmungam
as queixas que guardei abafadas
[por não ter a quem falar]
[ou até por ter a quem falar]
mas não tiveram ouvidos que as ouvissem.
Não faltou coragem,
não faltou paciência,
não faltou rogativa e petição,
não faltou razão!
O que faltou
foi ouvidos que ouvissem
um coração que escutasse
e
uma cabeça que pensasse
- sobre o que se dava comigo -
ou
- o que eu tinha pra dizer -
[no mínimo]
sobre o espinho que me machucava
e podia ser retirado,
mas não foi!
Vieram outros na esperança
de que me acostumasse a eles.
Nunca!
Só fizeram novas feridas
e aprofundaram as velhas!
arte | catrin welz-stein
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