A travessia é solitária. O vazio que
está por baixo, apavora. É preciso respirar fundo e encouraçar o peito, para
enfrentar o medo, de não se ver, onde se pisa. Os caminhos se fazem aos
poucos, são os nossos passos numa direção, que os fazem surgir.
Como as boas portas, a ponte é estreita, imaginária e simbólica. Nela só cabe a mim, um pé após o outro, com todo o cuidado, insistindo no caminho do meio, na linha fina do equilíbrio, com idênticas finas cordas laterais, como guia. Um passo em falso, na certa, é menos um ou dois, na trajetória. Parar ... é que não se pode, equivale a estagnação - e uma ponte deve deixar fluir.
Deixar para trás o que ficou, dói. Somos obrigados a nos despojar do que precisa ficar, deixar ficar o que não é mais nosso, porque já não somos mais a mesma pessoa. Fingir que ainda somos, não funciona, não convence ao outro, nem a nós mesmos.
Não se pode esperar por alguém ... se é que esse alguém, deseje vir na mesma direção - terá que ser ao seu tempo. Sobre quem se recusa a fazer a travessia, então, nem se fala, é melhor manter a cabeça voltada para frente - olhar sempre em frente e os pés em movimento, são as únicas posturas possíveis.
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