quinta-feira, 2 de junho de 2016






Quando a mente subiu ao poder e os seres humanos perderam o contato com a realidade da sua essência divina, começaram a pensar em Deus como uma figura masculina. A sociedade foi dominada pelos homens e as mulheres ficaram subjugadas à autoridade masculina.
Não estou a sugerir que se regresse às antigas representações femininas do divino. Há hoje quem use o termo Deusa em vez de Deus. Está-se apenas a recuperar o equilíbrio entre o masculino e o feminino há muito perdido, e isso é bom. Mas continua a ser uma representação e um conceito, talvez temporariamente útil, tal como um mapa ou um poste de sinalização são temporariamente úteis, mas mais um impedimento do que uma ajuda quando se está pronto a compreender a realidade para além de todos os conceitos e imagens.
O que continua a ser verdade, no entanto, é que a frequência da energia da mente parece ser essencialmente masculina. A mente resiste, luta pelo controlo, usa, manipula, ataca, tenta agarrar e possuir, etc. É por isso que o Deus tradicional é uma figura patriarcal e autoritariamente dominadora, um homem muitas vezes colérico de quem se deve ter medo, como parece sugerir o Velho Testamento. Esse Deus é uma projeção da mente humana.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 172)


O pensamento que não se fundamente na consciência torna-se disfuncional e egoísta. A inteligência destituída de sabedoria é extremamente perigosa e destrutiva. E, atualmente, grande parte da humanidade encontra-se neste estado.
O crescimento da racionalidade sob a forma de ciência e tecnologia, embora estas não sejam intrinsecamente boas ou más, tornou-se também destrutivo, porque, com frequência, as ideias que dali resultam não têm origem na consciência.
O próximo passo na evolução humana será o de transcender a racionalidade. É a nossa tarefa mais urgente neste momento. Tal não significa abdicar de pensar, mas simplesmente não se identificar completamente com o pensamento nem ser dominado por ele.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 32)


E quanto às pessoas que me querem usar, manipular ou dominar? Devo render-me a elas?
Elas estão isoladas do Ser, por isso tentam inconscientemente obter energia e poder de si. É certo que só uma pessoa inconsciente tentará usar ou manipular os outros, mas é igualmente certo que apenas uma pessoa inconsciente pode ser usada e manipulada. Se você resistir ou lutar contra os comportamentos inconscientes dos outros, você próprio se tornará inconsciente. E render-se não significa que se deixe manipular por pessoas inconscientes. De maneira nenhuma.
É perfeitamente possível dizer "não", firme e claramente, a alguém, ou sair de uma situação e, ao mesmo tempo, permanecer num estado de completa não-resistência interior. Quando disser "não" a alguém ou a alguma situação, não deixe que o "não" venha de uma reação, mas sim de um discernimento, de uma compreensão clara daquilo que é certo ou não é certo para si nesse momento. Deixe que ele seja um "não" não-reativo, um "não" de alta qualidade, um "não" isento de qualquer negatividade e, portanto, que não provoque mais sofrimentos.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 213)


A não rendição endurece a sua forma psicológica, a carapaça do ego, e cria, dessa maneira, uma noção forte de separação. O mundo à sua volta e as pessoas, em especial, passam a ser entendidos como uma ameaça. A compulsão inconsciente para destruir os outros através dos juízos desponta, tal como acontece com a necessidade de competir e dominar. Até a Natureza se torna sua inimiga e as perceções e interpretações de você são governadas pelo medo. A doença mental a que chamamos paranoia é só uma forma um pouco mais aguda deste estado de consciência normal, mais disfuncional.
Tanto a sua forma psicológica como a física (o seu corpo) se tornam duros e rígidos através da resistência. A tensão surge em diferentes partes do corpo, e este, enquanto um todo, contrai-se. O fluxo livre de energia que atravessa o corpo, que é essencial para o seu funcionamento saudável, é restringido em grande parte.
O exercício físico e determinadas formas de terapias físicas podem ajudar a restaurar este fluxo, mas, se você não praticar a rendição no dia-a-dia, só podem dar-lhe um sintoma de alívio temporário, dado que a causa (o padrão de resistência) não foi desfeita.
Há algo no interior de você que continua sem ser afetado pelas circunstâncias transitórias que caraterizam a sua situação de vida, sendo apenas através da rendição que tem acesso a esse algo. É a sua vida, o seu próprio Ser, que existe eternamente no reino intemporal do presente.
Eckhart Tolle (A Prática do Poder do Agora, pág. 113)


Um monge budista disse-me uma vez: "Tudo o que aprendi nos meus vinte anos de monge pode resumir-se numa frase: Tudo o que surge desaparece. É isto que eu sei."
O que ele queria dizer, evidentemente, era o seguinte: aprendi a não oferecer resistência ao que é; aprendi a permitir que o momento presente seja e a aceitar a natureza impermanente de todas as coisas e de as condições. Assim, eu encontrei a paz.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 192)



Na pior das hipóteses, e apesar de ser muito comum, o momento presente é tratado como se fosse um inimigo. Quando detestamos o que estamos a fazer, quando nos queixamos do que nos rodeia, quando dizemos mal das coisas que estão a acontecer ou já aconteceram, ou quando o nosso diálogo interior é feito de «devias fazer isto» ou «não devias fazer aquilo», de culpas e acusações, estamos a discutir com o que é, a discutir com aquilo é em si a questão. Estamos a fazer da Vida uma inimiga e a Vida diz: «Se é guerra que queres, é guerra que terás.» A realidade exterior, que reflete sempre o nosso estado interior, é sentida então como hostil.
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 168)

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