sexta-feira, 3 de junho de 2016




Não perdemos ninguém, porque ninguém possui ninguém

... De acordo com diversas pesquisas, monogamia não é um dos traços distintos na natureza da raça humana. Muito pelo contrário: a evolução prova que, nos primórdios da história, prevalecia a poligamia e que a relação de exclusividade entre duas pessoas é fruto de um longo e complexo processo cultural.
O “ter” se transformou em uma obsessão dentro do capitalismo. Isso se deve a ter se formado um imaginário segundo o qual a essência do que somos depende do que temos. Fala-se em “ter” saúde, não em ser saudável. Fala-se em “ter” um parceiro, não em estar em um relacionamento amoroso com alguém. Fala-se em “ter” um trabalho, não em ser um trabalhador. Mas ninguém possui nada, e muito menos ninguém.
O “ter” ficou acima do “ser”, de modo que muitas vezes caímos na lógica de tentar definir quem somos através do que adquirimos. Chegamos, inclusive, a ter dificuldades de identidade quando perdemos o que tivemos por um longo tempo...
O ser humano foi advertindo que a poligamia podia ser bastante problemática para uma sociedade tão complexa como a que foi sendo construída ao longo da história. No entanto, para grande parte da humanidade, a regra de manter somente um parceiro desde o começo até o final da vida não é algo que é sempre cumprido. No ocidente, na atualidade, isso é quase um absurdo...


Não é possível perder o que nunca foi seu ...

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