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“Porque a boca não pode calar”
No céu da minha boca
estrelas dizem que a estória
ainda não acabou
balões coloridos cheios de
mim
ultrapassam as nuvens e só
não tocam as estrelas
porque ainda é dia e não
posso vê-las!
São pequenos pontos “G”, em
local indevido
onde dança minha língua solitária!
Os mesmos lábios que oram ...
reclamam
beijam, bendizem, bocejam,
blasfemam
... vociferam!
Tenho um oceano doce e
cálido,
que calmamente, transborda em
transparência
quando falo de palavras
bonitas
... são meus peixinhos
amarelos
que chegam até a beira e
mordiscam os meus pés.
Esse mesmo oceano pode ser
tomado pela fúria
virar substância
ácida e corrosiva
e cuspir revoltado os
destroços mais cortantes
... que dilaceram primeiro aos
meus lábios!
Mas quando o mar é proibido
de chegar à areia
ele se aproveita da escuridão
da noite
e se retrai em silêncio - se esvaindo
por um grande ralo
sumindo por completo numa
maré baixa ... exagerada!
Deixa à mostra
as minhas menos de ‘32’ formações
de cálcio!
Chega às profundezas da terra
e lá se transforma ou se
re_codifica!
E eu confio na minha memória!
Nas primeiras horas da manhã
do novo dia
saio a caminhar pela praia
sei que vou encontrá-los ... regurgitados
um a um
em símbolos representativos de
linguagem
de início, um tanto
desconexos
mas depois de ordenados ... vão
fazer todo o sentido!
O mar que recuou, reconquista
agora
um 'continente' de areia em forma de papel
... para escrever o que
desejar!
E então... a boca aprende a falar sem nada dizer
... porque a boca não deve calar
sob pena do corpo morrer!
Em 28/06/16 |
"Quando a boca cala, o corpo fala." Arranjemos então um jeito de fazer a boca falar!
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