A sua amiga está presa num relacionamento com um parceiro violento e não é a primeira vez. Porquê? Não se trata de uma escolha. A mente, condicionada como está pelo passado, procura sempre recriar aquilo que conhece e que lhe é familiar. Mesmo que seja doloroso, pelo menos é-lhe familiar. A mente adere sempre ao conhecido. Para ela, o desconhecido é perigoso porque não o pode controlar. É por isso que a mente detesta e ignora o momento presente. Ter consciência do momento presente cria um hiato não apenas no caudal da mente, mas igualmente no contínuo passado-futuro. Nada verdadeiramente novo e criativo poderá vir a este mundo exceto através desse hiato, desse espaço preciso de possibilidades infinitas.
Por isso, a sua amiga, estando identificada com a mente dela, pode estar a recriar um padrão aprendido no passado em que a intimidade e a violência estavam ligadas. Por outro lado, ela poderá estar a representar um padrão aprendido na infância, segundo o qual ela não vale nada e merece ser castigada. É possível, também, que ela viva uma grande parte da sua vida através do corpo de dor, o qual procura sempre mais dor para se alimentar. O parceiro dela tem os seus próprios padrões inconscientes, que complementam os dela. É claro que a situação dela é criada por ela própria, mas quem ou que é esse eu que a criou? Um padrão mental e emocional do passado, nada mais. Porquê fazer dele um eu?
Se você lhe disser que ela escolheu a sua condição ou a sua situação, estará a reforçar o seu estado de identificação com a mente. Mas será ela o seu padrão de mente? Será o Eu dela? Será a sua verdadeira identidade derivada do passado? Mostre à sua amiga como ser a presença observadora por trás dos seus pensamentos e das suas emoções. Fale-lhe do corpo de dor e da forma de se libertar dele. Ensine-lhe a arte do conhecimento do corpo interior. Mostre-lhe o significado da presença. Assim que ela for capaz de aceder ao poder do Agora, e assim romper com o seu passado condicionado, ela terá escolha.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 226)
Nada do que algum dia você possa fazer ou alcançar o aproximará mais da salvação do que este momento. Uma mente acostumada a pensar que tudo o que vale a pena se encontra no futuro poderá ter dificuldade em entender o sentido desta afirmação. Assim como nada do que você possa ter feito ou que lhe tenha sido feito no passado o inibirá de dizer sim ao que é e de dirigir toda a sua atenção profundamente para o Agora. Não o poderá fazer no futuro. Ou o faz agora ou então não o fará nunca.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 157)
Acha que precisa de ter mais conhecimentos? Acha que o mundo pode ser salvo se houver mais informação, computadores mais rápidos ou mais investigação científica e trabalho intelectual? Não será de sabedoria que a humanidade mais necessita neste momento?
Afinal, o que é a sabedoria e como poderemos alcançá-la? A sabedoria surge com a capacidade de se ser sereno. Olhe e escute, apenas. Não é preciso mais nada. Ver e ouvir ativam a inteligência não-conceptual que há dentro de si, tornando-o sereno. Deixe que a serenidade guie as suas palavras e ações.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 21)
O Ego e a Fama
Albert Einstein, que foi admirado quase como um ser sobre-humano e cujo destino foi tornar-se uma das pessoas importantes do planeta, nunca se identificou com a imagem que a mente coletiva produziu de si próprio. Continuou a ser humilde, sem cair no domínio do ego. Na realidade, constatou que existia «uma grotesca contradição entre o que as pessoas consideram ser os meus feitios e as minhas capacidades e a realidade de quem eu sou e daquilo que sou e daquilo que sou capaz de executar».
Pelas razões acima referidas verifica-se que é difícil uma pessoa famosa estar envolvida em relações genuínas com as outras pessoas. Uma relação genuína é uma relação que não é dominada pelo ego e pela sua incessante criação de imagens e busca de identidade. Numa relação genuína, há um fluxo de atenção sincera e consciente dirigido à outra pessoa e que não implica qualquer tipo de necessidade. A atenção consciente é a Presença e constitui a condição essencial para que qualquer relação autêntica se estabeleça. O ego ambiciona sempre alguma coisa e, se considerar que não vai obter nada das outras pessoas, permanece num estado de pura indiferença: não se interessa por elas. Por conseguinte, os três estados predominantes nas relações egóicas são: a necessidade, a necessidade frustrada (ira, mágoa, culpabilização, queixume) e a indiferença.
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 74)
Nenhum comentário:
Postar um comentário