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HETERÔNIMO
14/03/18
Eis ai, uma coisa de que não preciso e nem quero - me esconder atrás de um. Já tive alguns, sem o saber(!). Longe de críticas aos grandes nomes,. esconder-se, pode ser divertido. Até que não é má ideia, brincar com a atenção do leitor, porque na verdade, escrever é brincar com quem lê, conduzi-lo pra onde queremos; e construir uma verdade, com base numa pequena mentira, às vezes, pode ser uma tremenda 'sacada' e uma prova da fertilidade de nossa imaginação.
Agora falando sobre mim: mesmo quando as circunstâncias me espremem contra a parede, forçando que eu reaja, eu sei, que é exatamente o que elas querem de mim - que eu forme uma opinião bem clara a respeito e me posicione.
Por muito tempo eu passei, em estado letárgico, mas depois de recobrar a consciência, não darei meus créditos a outro, a coroa é minha, seja ela de louros ou espinhos - ela me honra.
Não tenho nem idade e nem disposição para contemporizar.
Até quando eu sentir, arder no ego, o que descubro e não gosto em mim, eu tenho que ser transparente por mim mesma, pela honestidade e coerência que me devo - eu assinarei meu nome e sobrenome.
Por estar cansada de meus erros, porque eles me pesem, ou porque me mostrem, qual não é o caminho que devo seguir - eu assumirei a autoria, aceitando-os.
Talvez dessa forma, publicamente, eu encontre a determinação necessária para a transição que me propus a fazer, pela vergonha de que minhas ações contradigam as minhas palavras.
Mesmo que a dor do orgulho, seja tão lancinante, a ponto de tentar me afastar da confissão - preferirei colocar a cabeça sob a água fria, espantando qualquer ideia menor - evitando a auto-comiseração.
heterônimo:
substantivo masculino
- 1.nome de alguém us. por outrem para autoria do que não fez.
- 2.adjetivodiz-se de livro ou peça literária que se publica sob o nome de outra pessoa que não o autor.
"... o fenômeno da heteronímia foi
muito bem explorado por Fernando
Pessoa, um dos maiores poetas da língua portuguesa. O que ele
fazia? Bem, Pessoa inventava nomes para assinar suas obras, chegava até mesmo a
criar biografias para as personagens literárias que nasciam de sua imensa
criatividade (sobre algumas é sabido a data de nascimento e falecimento, signo,
profissão, características psicológicas e físicas etc.). É interessante
observar que os heterônimos do poeta português apresentavam personalidades bem
diferentes da personalidade do autor real, que também assinava com o ortônimo
Fernando Pessoa. Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo
Soares são tão diferentes que fica difícil acreditar que todos são criaturas do
mais enigmático (e produtivo!) escritor da literatura universal."
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