sexta-feira, 13 de março de 2020

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HETERÔNIMO
14/03/18


Eis ai, uma coisa de que não preciso e nem quero - me esconder atrás de um.  Já tive alguns, sem o saber(!).  Longe de críticas aos grandes nomes,. esconder-se, pode ser divertido.  Até que não é má ideia, brincar com a atenção do leitor, porque na verdade, escrever é brincar com quem lê, conduzi-lo pra onde queremos; e construir uma verdade, com base numa pequena mentira, às vezes, pode ser uma tremenda  'sacada' e uma prova da fertilidade de nossa imaginação.

Agora falando sobre mim: mesmo quando as circunstâncias me espremem contra a parede, forçando que eu reaja, eu sei, que é exatamente o que elas querem de mim - que eu forme uma opinião bem clara a respeito e me posicione.

Por muito tempo eu passei, em estado letárgico, mas depois de recobrar a consciência, não darei meus créditos a outro, a coroa é minha, seja ela de louros ou espinhos - ela me honra.

Não tenho nem idade e nem disposição para contemporizar.

Até quando eu sentir, arder no ego, o que descubro e não gosto em mim, eu tenho que ser transparente por mim mesma, pela honestidade e coerência que me devo - eu assinarei meu nome e sobrenome.

Por estar cansada de meus erros, porque eles me pesem, ou porque me mostrem, qual não é o caminho que devo seguir - eu assumirei a autoria, aceitando-os.

Talvez dessa forma, publicamente, eu encontre a determinação necessária para a transição que me propus a fazer, pela vergonha de que minhas ações contradigam as minhas palavras.

Mesmo que a dor do orgulho, seja tão lancinante, a ponto de tentar me afastar da confissão - preferirei colocar a cabeça sob a água fria, espantando qualquer ideia menor - evitando a auto-comiseração.




heterônimo:
substantivo masculino
  1. 1.
    nome de alguém us. por outrem para autoria do que não fez.
  2. 2.
    adjetivo
    diz-se de livro ou peça literária que se publica sob o nome de outra pessoa que não o autor.






"... o fenômeno da heteronímia foi muito bem explorado por Fernando Pessoa, um dos maiores poetas da língua portuguesa. O que ele fazia? Bem, Pessoa inventava nomes para assinar suas obras, chegava até mesmo a criar biografias para as personagens literárias que nasciam de sua imensa criatividade (sobre algumas é sabido a data de nascimento e falecimento, signo, profissão, características psicológicas e físicas etc.). É interessante observar que os heterônimos do poeta português apresentavam personalidades bem diferentes da personalidade do autor real, que também assinava com o ortônimo Fernando Pessoa. Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares são tão diferentes que fica difícil acreditar que todos são criaturas do mais enigmático (e produtivo!) escritor da literatura universal."

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