29
UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
MINHOCA NA CHAPA
17/03/17
Eu vi a minhoca precipitar-se sobre a placa de concreto tórrido,
exposta ao sol há horas.
Ela ficou sequinha e retorcida, meio frita, meio grelhada na pedra,
fragmentada, parecendo um cocozinho de algum animal.
Tendo saído da terra de temperatura um pouco mais amena,
achou que poderia atravessar a placa - um ‘deserto’ pra ela,
até que encontrasse um outro pedaço de gramado, depois do concreto.
Assim que deu a sua primeira ‘arrastada’ sobre a placa quente,
sentiu que era o seu fim.
Logo ela - capaz de fazer a mesma travessia por debaixo da terra,
de forma ilesa, fazendo o que ela faz de melhor,
comer terra enquanto abre caminhos, arejando o terreno.
Eu me senti assim - esturricada, mas não por falta de sobreaviso. As ‘placas de concreto quente’ sempre exalam um calor intenso antes de serem tocadas, e é esse prenúncio de perigo que devemos considerar e nunca ignorar, a sensibilidade da nossa pele sempre nos alerta.
O nosso 'sim’ - e que desde o começo deveria ter sido um ‘não’ - consome o combustível da nossa essência. Ao falarmos sim, sem vontade ... dizemos não pra nós mesmos e aos nossos anseios.
Algumas coisas na vida, não são pra serem transpostas - são maiores do que a nossa capacidade de transposição, devem ser reconhecidas e respeitadas. Muito embora tenhamos uma recompensa por sermos legais com o outro (bonzinhos) - o prêmio por cedermos às suas expectativas, geralmente tem preço muito alto pra nossa saúde física, mental e emocional.
Cedermos às maquinações alheias, sejam elas benevolentes ou perversas, cariciosas ou rosnadas - nos fazem estacionar nas 'placas tórridas' por um longo tempo - das quais saímos ressecados vivos.
Modificar nossos valores e necessidades em deferência à opinião do outro, aos poucos vai nos 'desidentificando' como o ser espontâneo e singular que somos.
Cedermos às maquinações alheias, sejam elas benevolentes ou perversas, cariciosas ou rosnadas - nos fazem estacionar nas 'placas tórridas' por um longo tempo - das quais saímos ressecados vivos.
Modificar nossos valores e necessidades em deferência à opinião do outro, aos poucos vai nos 'desidentificando' como o ser espontâneo e singular que somos.
Quando a coisa começar a ‘esquentar’ pro nosso lado - sinalizando que não estamos a vontade, é hora de pensar mais em nós, na resposta que queremos dar e não no que o outro quer ouvir.
O sim é sempre mais fácil, porque o dizemos apenas uma vez. O não é muito mais trabalhoso, porque teremos que repeti-lo várias vezes, reafirmar - o outro vai tentar nos fazer mudar de ideia pra dizermos o que realmente quer ouvir. E ele vai usar de todos os subterfúgios pra nos convencer. Usará o seu poder de convencimento diplomaticamente, se não der certo – talvez se exalte, e se mesmo assim continuar a ouvir um não - pode recorrer a retaliações, no intuito de nos intimidar e de finalmente, ouvir de nós, apenas o que quer ouvir. Será preciso nos tornarmos surdos à essa voz insistente e mal intencionada.
Os sentimentos são pássaros que não se deixam prender, não há portões nem cadeados que possam trancafiá-los - e se tentarmos silenciá-los - eles e nós vamos adoecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário