quarta-feira, 11 de março de 2020

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AS PERNAS DA MENTIRA
11/03/18




Pra que te quero? Pra que as quero?
Pra convencer, despistar, apagar todos os rastros. Não ser pego com a botija na boca,  a massa na mão, de calças arriadas ou escondendo o olho do coco? ... em não ter que admitir, que eu possa estar num estado alterado, sendo manipulador, ou que tenha algum ponto fraco!?

Uma mentira bem vestida agrada mil vezes mais, que uma verdade com mau gosto ... nem sempre tão bonita, na sua crueza e simplicidade.

Como tudo tem duas faces, a externa e a interna - a mentira, do lado de fora é imagem retocada, mas por dentro, conserva sua figura e feitio verdadeiros, não há programa corretivo, que possa mudar esse seu lado oculto.

Mentira é sempre mentira, mesmo que venha com cara de 'sim' (embora carregada de sentimento e trejeito de 'não'), mesmo categórica e convincente, ela sabe que falseia.

Ao contrário - a verdade, é idêntica na cara e na coroa, em si mesma; não carrega dramas de consciência; é muito mais consistente e define a si mesma.  À verdade, a coroa não pesa; apenas pode significar algum peso, a quem tenha a coragem de expressá-la e de lhe suportar as consequências advindas.

De que servem as pernas compridas, ágeis ou criativas?  ... se a mentira que todos veem, engana a todos ... mas é impotente pra enganar ao seu próprio dono!?  As pernas, não serão suficientemente longas, rápidas e espertas, de escapar à tirania, que a mentira original requer pra ser mantida.

A todos, ela é autêntica - ao dono é apenas uma máscara, pesada e difícil  de sustentar, pois tem que estar sempre, bem justa ao rosto, e bem brilhante, pra que possar atestar uma veracidade, que sabe ser fingida e postiça.

E quanto tempo perdemos conservando um verniz, em vez de termos a hombridade e a ousadia de ouvirmos o barulho que faz - uma verdade verdadeira!?




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