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INTENSIDADE E ALARIDO
23/03/20
Vi ventos baterem às portas, com punhos cerrados, querendo entrar. Vi outras portas, sendo fechadas, com fúria e estrondo, pela vontade do mesmo vento.
Vendavais vergastam os galhos das árvores, arrancam as raízes, modificam o terreno.
Mas o vento pode ser uma brisa amena, que acaricia e bafeja uma flor, ainda em botão. Pode ser um movimento de ar, instigador das folhas, e ao qual, as flores, com suas belas cabecinhas, se curvam e aquiescem, com um tácito sim.
Manso ou assustador, silencioso ou uivante, será sempre ele mesmo. Existem moinhos para serem movidos e situações que necessitam de vigor, para serem transformadas ... uma leve brisa, não é capaz de impulsionar pás ou mudar coisa alguma.
São os ventos fortes, que em alto mar, convulsionam as águas profundas do oceano e as transformam em maremoto, alastrando-se através de toda a superfície, pode-se ouvir a sua ferocidade viajando por sobre a grande extensão da película salgada, e a medida que se dissipa, diminui sua ferocidade e seu alarido; até chegar em ondas farfalhantes e calmas, a revolverem a areia, como saias esvoaçantes e longas, de uma mulher que caminha pela praia, no final da tarde.
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