terça-feira, 24 de março de 2020


1147

INTENSIDADE E ALARIDO
23/03/20



Vi ventos baterem às portas, com punhos cerrados, querendo entrar.  Vi outras portas, sendo fechadas, com fúria e estrondo, pela vontade  do mesmo vento.

Vendavais vergastam os galhos das árvores, arrancam as raízes, modificam o terreno.

Mas o vento pode ser uma brisa amena, que acaricia e bafeja uma flor, ainda em botão.  Pode ser um movimento de ar, instigador das folhas, e ao qual, as flores, com suas belas cabecinhas, se curvam e aquiescem,  com um tácito sim.

Manso ou assustador, silencioso ou uivante, será sempre ele mesmo.  Existem moinhos para serem movidos e situações que necessitam de vigor, para serem transformadas ... uma leve brisa, não é capaz de impulsionar pás ou mudar coisa alguma.

São os ventos fortes, que em alto mar, convulsionam as águas profundas do oceano e as transformam em maremoto, alastrando-se através de toda a superfície, pode-se ouvir a sua ferocidade viajando  por sobre a grande  extensão da película salgada, e a medida que se dissipa, diminui sua ferocidade e seu alarido; até chegar em ondas farfalhantes e calmas, a revolverem a areia, como saias esvoaçantes e longas, de uma mulher que caminha pela praia, no final da tarde.



Nenhum comentário:

Postar um comentário