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CHEGADAS E PARTIDAS
26/03/20
Estático e em contemplação, sento-me para ver o mundo, e sinto, que sou ponto imóvel, represento a linha horizontal, de um gráfico cartesiano, onde só o tempo varia, mas o espaço é sempre o mesmo.
Fixo e sem poder sair do lugar, como alguém plantado no cais do porto, avisto os navios ao longe e bem pequenos, por sinal. Não se atrevem a se aproximar da costa.
Sem movimento, eu invento um! Começo a caminhar, em direção ao fundo das minhas lembranças, procurando lá encontrar, entre fatos e sentimentos, algo que me faça reconhecer, quem eu sou de fato. Como um explorador, garimpeiro, conhecedor de mim mesmo.
Vejo as aves, com suas asas, que exceto quando em gaiolas, nunca estão presas a lugar algum. Desenham a curva que querem no papel azul. E eu, permaneço grudado ao chão.
Meu olhar se entristece, pois os navios quase se perdem das minhas vistas, suspensas estão, chegadas e partidas. Não que eu quisesse zarpar num deles, mas sempre gosto de pensar, que tenho outras opções, além de estar plantado neste cais ... e quando escolho ficar, é porque fui livre para fazê-lo.