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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
O OLHAR PARA DENTRO E PARA FORA
14/12/18
Durante séculos e mais séculos, a
nossa sociedade aceitou, que os homens fossem tratados como seres especiais,
pelas mulheres, como se nós mulheres não fôssemos feitas da mesma matéria
e do mesmo espírito, com as mesmas necessidades e anseios - como se fôssemos
forjadas de um material mais resistente que o deles e de menor valor.
Aceitou-se contra elas, a palavra
grotesca, o safanão, a desvalorização, a desconsideração dos verdadeiros e
igualitários direitos de qualquer ser humano.
Nas crenças arrastadas, numa união, a
mulher é considerada 'a rainha do lar', por exemplo, onde reina, mas devendo
fazer tudo pelo seu reino e súditos, deixando suas prioridades em segundo,
terceiro, quarto plano, em favor da boa convivência de ambiente, ou da boa
vizinhança - que é o que se torna o convívio no lar - uma vizinhança, não tão
boa, quanto aquela entre vizinhos, em que se observa o respeito e uma certa
educação.
Nos lares, os homens se sentem à
vontade para deixarem as suas máscaras de lado, não é possível usa-las o tempo
todo, a desigualdade se impõe, a violência e desrespeito são
permitidos.
Numa relação, entre uma mulher e um
homem, ela deve ser a parte mais equilibrada, mais pendente para a
consideração, a parte que pensa, enquanto à outra, é permitido que se perca em
desatinos.
Certa vez, ouvi de uma pessoa muito
esclarecida e conceituada, que só à mulher é dado, que ela faça sexo sem
vontade, em favor da estabilidade do casal. Não é preciso dizer, que quem
disse isso foi um homem. Para mim, isso é ensinar à mulher, como usar seu
corpo, como mercadoria e moeda de barganha, como se à ela só fosse permitido
esse tipo de arma.
O mesmo homem que na rua é atencioso
e sedutor, no particular - pode ser infantil e perverso - o que a ele é permitido,
porque à mulher é cobrado, que ela seja compreensiva, que ela reconheça, que
seu dia de trabalho não foi dos melhores, que certamente ele tem motivos para
agir assim, e assim, todo destempero é relevado.
Existem muitas formas de violência,
não apenas a que deixa marcas e a que não deixa, porque todas deixam, não só na
mulher, como também nos filhos, que presenciam tal descontrole e
injustiça. Assim vamos educando, ou melhor, deseducando nossos filhos
para uma convivência, que nunca poderá ser harmônica, até que os velhos valores
sejam substituídos, por novos e muito mais sadios.
A menina, desde cedo é incitada a
maternar, a adivinhar o que deseja, a criança trazida em seus braços. O
menino é estimulado a sair para a vida, à competição, à diversão. E assim
vai, o menino olhando para dentro dele, crescendo e ganhando a mundo, porque o
mundo é dele. A menina, olhando sempre para fora de si, porque ela não é
dona nem de si, enquanto deve ser a conciliadora de todos os conflitos, mesmo aqueles
aos quais não deu origem.
A menina cresce, vira mulher e
deposita no relacionamento, os seus mais sinceros desejos de plenitude, e
estará disposta a tudo, para que esse relacionamento seja realmente
pleno. Entrega junto com seu afeto, sua dedicação e perseverança,
geralmente, em troca de promessas de sustento e segurança. Muitas vezes,
ele não a protege de nada e o sustento não passa do alimento físico.
A mulher é muito mais do que um
corpo, do que um espírito, do que anseios. Ela é um ser buscando a
evolução, tanto quanto o homem busca. É preciso que as coisas mudem, que
as próprias mulheres tomem consciência de como estamos educando nossos filhos,
para repetirem um comportamento doentio? ... que só trará infelicidade e
distúrbios, para os novos lares a serem formados?
P.S. Esses são
homens capazes de passarem a vida toda, atrás da falta de 'teta' ou de 'colo',
procurando alguém que lhes dê isso, fora do tempo natural para isso, esperando
encontrar em suas parceiras, a mãe ou alguma outra coisa da qual sentiram
falta, de um pai presente, de seu olhar, de sua benção, de seu lugar num ninho
de amor e não de subjugação e injustiças, em que se viram crescidos.
Procuram por alguém para ser um depositário de suas queixas, um repositor de
suas faltas, alguém para despejarem suas fúrias.
Simplesmente, reproduzindo e passando
à frente, o único modelo que conhecem. As pernas cresceram, as calças
aumentaram de comprimento, mas a cabeça não.
Esse é o espartilho emocional, do
qual ainda, nós não nos livramos - de que o bem estar do homem, depende sempre
da mulher, de sua paciência e servidão a ele.
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