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VAZIO ENGANOSO
Me olho de frente e vejo um vazio no meio – um portal raso - um buraco, pelo qual consigo enxergar o outro lado. Só vejo uma extensão cava e sem sentido.
Ao me aproximar, sua goela rasa me engole, e aos poucos vou descendo, deglutida pelos movimentos autônomos da garganta, enganosa quanto à sua profundidade.
Vou me perdendo por esse oceano meio-aquoso, que permeia esse lugar e invade meus pulmões sem feri-los. Tanto mais profundo mais embotamento provoca.
Por esse mundo sem sons e com algumas poucas imagens - simbólicas é claro - vou sendo integrada. Quem incorpora ou assimila a quem, ele a mim ou eu a ele? Certo é, que não ofereço resistência e me deixo preencher.
Seu silêncio inerente, traga a mim como substância entorpecente, lentamente absorvida pela corrente sanguínea, que busca o cérebro e a inconsciência.
27/03/18
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