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UMA SIMPLES LEMBRANÇA
09/03/17
Aquela foi uma das noites mágicas de que me recordo. Era véspera de Natal, o salão estava arrumado para a passagem. Estava às escuras. Às mesas, em cada uma, havia uma grande vela branca e côncava, em formato de estrela. Ao redor da vela, enrolados estavam em algumas voltas, ramos de hera fresca, mas de um tipo que eu não conhecia, parecia uma renda. Dentro, havia uma chama, que enquanto tremulava, fazia desenhos sobre a toalha também branca e adamascada, que se enfeitava toda de figurinhas vivas, brincando com as sombras projetadas.
Lembrei-me dos meus tempos de menina, em que não havia nenhuma mesa como essa, mas havia um outro tipo de magia, que nos fazia dormir mais cedo na véspera, para que o Natal chegasse mais depressa. O dia seguinte ficava assim, mais próximo da nossa impaciência de criança. Quando finalmente, nossos presentes, singelos mas sempre perfeitos, estariam depositados aos pés da árvore de natal e impregnados por seu perfume.
A hera secou, o pinheiro também, a chama consumiu a vela totalmente, os presentes devem ter ido para o lixo ou não serviram mais, o tempo passou e essas noites ficaram no passado, como fotografias ou plantinhas secas que guardamos dentro dos livros e nos esquecemos delas.
*
“ ... Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce.
Passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido...”
Passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido...”
arte | jamie heiden
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