JANELAS E PORTAS __ 686
Prefiro os abraços a beijos, questão de gosto.
Se os olhos são as janelas da alma, é no peito que ficam as portas.
O que é um abraço? ... um 'bem dado'? ... senão uma troca de energias? Embora não vistas, nós as sentimos, porque saímos dele sem vontade de sair, querendo ficar mais um pouco ... e indubitavelmente melhores do que antes.
Do abraço que falo, são duas portas abertas por onde fluem os sentimentos que se misturam, numa alquimia oculta, capaz de negativar os maus e potencializar os bons. No final, não são mais os mesmos, nem os sentimentos, nem as pessoas.
Falsos? ... os beijos podem ser, os abraços também. Mas os beijos enganam, os abraços não.
Um abraço, sabemos de cara se é falso ou não, se é cheio ou vazio.
Um falso abraço, não parece abraço, é desconfortável, é duro, seco, é curto, onde parece que só eu abri a porta, enquanto a do outro permaneceu trancada. É sentir-se abraçando tijolos frios de uma parede, é querer sair o mais rápido possível de lá.
Dentro de um abraço - mas dos 'bons' - é sentir-se beijado de diversas maneiras ... lugar ideal, onde se esquecer de si, sem deixar de ser o que se é.
Agora os beijos? ... eles podem ser falsos e eu não saberei. Têm os 'de judas', os de lábios macios, os narcisistas sonoros, os de bico torto, os de um simples tocar de ossos da face. Mesmo aqueles de lábios macios, se forem enganosos, não fazem nada além do que roçar a pele.
Beijo de verdade é mais que 'boca na pele' - é soprar vida em alguém. Mas como não cairia bem, soprar no rosto de uma pessoa, então, arranjamos um disfarce para o sopro, colocando-o dentro de um leve toque, que depositamos na pele de quem queremos beijar.
Quem não sabe abraçar, também não sabe beijar. Sem dúvida, quem sabe abraçar, sabe muito bem beijar.
Não dispenso os beijos, mas prefiro os abraços - uma questão de gosto!
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