quarta-feira, 2 de maio de 2018


FOLHA MORTA  __ 679




Tu és folha amarela e velha.  Ainda presa ao galho, já sem vida - te esquecestes de cair, mas ainda consomes um quantum de energia, inutilmente - porque não retornarás ao viço de antes.  

É passado o teu tempo, te agarrastes à planta, com medo de te deixares levar ao vento, de entregar-te, ou talvez temas à queda e a sua natural transformação.  Teu lugar não é mais esse, não é mais teu tempo - tu és passado.

Cedo ou tarde, serás arrancado do pé, à força, por uma mão generosa.  Talvez venha a tempestade, te arrastando para longe com a  enxurrada.  O granizo poderá consumir-te, sem a chance de adubares o solo em que vivias.

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