A UM SÓ TEMPO __ 701
arte: agnes cecile |
No dia 24 de maio, eu estava no 'Paraíso', e fazia a seguinte pergunta: qual a saída para a 23 de maio? Dei ensejo a uma piada: "você está atrasada um dia!"
Não estava. Meu compromisso era dia 24, às 14 horas e 6 minutos, num endereço específico, tinha tempo de sobra para chegar lá, tempo suficiente para ir do paraíso ao inferno.
Bem, a resposta à minha pergunta, depois da piada que não podia ser perdida, tinha sido: "corredor à direita, no final, escada à direita, saída D."
Carregava um cadáver, desses que a gente carrega sem que ninguém saiba. Eu o tinha arremessado bem longe, à parte mais funda de um lago. Antes, tinha amarrado uma pedra nos seus pés, para que afundasse, e permanecesse submerso, longe das minhas vistas.
Mas cadáveres são chatos, reaparecem do nada, quando menos se quer, principalmente aqueles, aos quais negamos uma identificação.
Um cão farejador, pode desenterrar um, ou gases que se formam nas entranhas de um outro, fazem-no emergir do fundo, vindo à tona.
Cães e gazes, trazem de volta, velhos cadáveres, para que sejam catalogados, para que se coloque neles, uma etiqueta de identificação no dedão do pé. Só assim terão o direto de serem guardados nas gavetas geladas.
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