quinta-feira, 17 de maio de 2018


OLHOS DE VER   __ 693





Esta é a minha casa.

Na sala de estar, alguns assuntos acomodam-se confortavelmente no sofá, outros preferem ficar no chão, de pernas fletidas perto do corpo, ou cruzadas. Poucos são, os que ainda insistem em se sentarem numa cadeira, de maneira polida.  

Têm aqueles que são incapazes de permanecerem sentados, e perambulam pela sala enquanto falam,  gritam, gesticulam.  Têm os que se deitam no chão, isso também é permitido.

Todos serão abordados, na forma direta ou velada. Portanto, quem tiver olhos de ler - que leia.

São ideias travestidas, outras palavras com mesmo enfoque, ou novo enfoque com palavras conhecidas.  São emoções incompreendidas, que tendem a se aperfeiçoarem em sentimentos, depois de validadas.

Todos têm a chance e momento de se colocarem, de buscarem reconhecimento, em linguagem própria de cada um, e quando não a encontram - eu os ajudo a achar.

Há os que começam tímidos e inseguros, mas no decorrer das linhas, assumem postura e se expressam muito bem.  

Como há também aqueles, que começam revoltados e controversos, mas só por poder falarem, se tornam concisos e brandos, ao final.

Pode até acontecer, de certos deles, já saberem o que vão dizer, antes mesmo de entrarem na sala, pois trazem uma prévia, feita no laboratório da mente, em que conhecem a mensagem e a forma de transmiti-la.

Sei bem do que todos eles falam, porque antes de mais nada, falam de mim, do que esteve guardado sem que tivessem tido a coragem de falar em público, antes.

Nesta sala, falamos.  Sim! ...  Falamos!  Porque quando falo, não sou mais, só 'eu' - somos 'nós'.  Se fosse apenas 'eu', ninguém continuaria lendo as coisas que fossem só minhas, estas não seriam do interesse de mais ninguém.  Dizemos então, das coisas cotidianas e das particulares.

Vamos em frente, porque o futuro tem pressa - ansioso, empurra o presente em direção ao passado.


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