domingo, 20 de maio de 2018

A.ALMARES  __ 694


arte: mark spain


Amara Almares, esse era seu nome.
Almares - por parte de pai.  Amara - por parte de mãe.  Tinha recebido esse nome, em homenagem à uma tia materna distante.  Ela não gostava nem um pouco dele: Amara, o nome recebido.  Amara,  igual à amarga, assim ela considerava.

Às vezes pensava, que se tivesse no registro, o sobrenome de sua mãe, teria feito toda a diferença em sua vida, pois a família de seu pai, é que não  era muito alegre.

Sempre se perguntava, se era amarga por causa do nome que recebera ao nascer, ou se o nome tinha sido uma forma de ratificar sua amargura.

O fato é que ela era uma Amara 'amara'.

Ela colecionou, desde a infância, juventude e maturidade, pequenos, médios e grandes dissabores, que provocaram dessabores, isto é, lhe tiraram os sabores.  Com essa variação de quantidade, intensidade e duração de decepções, ela achava, que não havia nascido para outra coisa além de tristeza.  Estando nessa indagação, permanecera perseguindo seu próprio rabo, o tempo todo.

Certo dia, ela conheceu uma senhora que carregava consigo o nome de Angústias -  a padroeira de Granada, na Espanha, Nossa Senhora das Angústias.

Dona Angústias, mostrou à Amara, sem precisar responder, à nenhuma pergunta que lhe tivesse sido feita por Amara, sobre a possível influência de um nome, na maneira de ser de uma pessoa.

Angústias, pelos anos que tinha, também havia recebido da vida, grandes doses de tristeza - e quem não as recebe?  Era pessoa amante da arte flamenca e não perdia nenhum espetáculo, dos grupos que faziam apresentações da dança, canto e música, que tanto apreciava.

Com seu sorriso, aceitação e até por quê não dizer - gratidão?  Angústias ensinou à Amara, que nome e destino são coisas diferentes.  E que Amara estivera errada o tempo todo sobre o significado de seu nome.







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