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Meus pés me trouxeram à beira da
praia, mas foi meu espírito quem quis e escolheu estar aqui.
Eu
permaneço parada, enquanto as ondas vêm lamber os meus pés, os grãos maiores,
eu os sinto brincarem por entre meus dedos, mesmo estando de olhos fechados - a
escutar o marulho das águas e a cada uma das bolhas que estoura.
Ofereço
ao mar a minha gratidão, de levar tudo o que é de ruim pra longe, dispersando as moléculas de maldade, no fundo do oceano de sal. Ao mar, que a tudo
sara e a tudo cicatriza!
Sinto-me
refeita, parece-me que as águas que me tocam os pés e pernas, abençoam-me,
revitalizam-me, devolvendo à minha constituição, os elementos necessários ao
meu refazimento, como pertencente à criação - o ser que ora volto a ser.
Na
paisagem toda, há lugar pra mim, como uma parte perdida ou extraviada, agora
aceita e reintegrada, às mesmas cores e à mesma formação física.
A
brisa leve vem beijar o meu rosto, quase uma coceira de tão suave que é. Na verdade, o que
sinto é louvor à divindade da natureza, que me devolve bem estar e
alegria.
Coloco
minhas mãos em prece e lhe faço uma reverência, curvando-me à sua majestade.
Ao
mar que cura, ao mar que transforma, ao mar que inspira!
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