Acho que a vontade de crescer era tanta, que eu vivia calçando os sapatos de minha mãe e minha tia.
Meus pés eram pequenos, não preenchiam o espaço interno deles, então eu colocava algodão na ponta, para que pudesse andar com eles, pelo corredor comprido da casa.
Eles eram delicados, de salto alto e fino, bem sociais e elegantes, lembro de um, de camurça cinza, em dois tons, era o meu preferido.
Ah ... eu gostava de bolsas também, bem maiores do que eu. Com um esforço acima da minha capacidade, lá ia eu com uma grande bolsa à tiracolo, até o fim do corredor e depois voltava, fazendo barulho com os saltos.
Todas as bonecas que tive, foram quebradas, esquartejadas, eu as colocava deitadas, como se estivessem num hospital, apenas um boneco sobreviveu à minha tendência de estudar medicina, que acabou por não se concretizar.
Por um tempo fiz muitos desenhos de plantas de casas, quando acharam que eu ia estudar arquitetura. Gostava de brincar de 'escritório', de casinha também, até bem grandinha.
Mas tudo passou, medicina, arquitetura, acabei por fazer o curso de 'economia', trabalhei na área de custos, mas ficou só nisso.
Hoje penso que deveria ter feito 'letras', ou talvez 'psicologia', mas o que não devia mesmo é ter tido tanta pressa de crescer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário