terça-feira, 22 de janeiro de 2019

360 
O SONHO, A ESCADA E A LAGARTIXA
(Nada a ver) __ 01/01/17



agnes cecile




Não diria que é um sonho recorrente – eu diria apenas que quando sonho - sei que já estive por lá, algumas vezes, como se fossem seguidas tentativas de conseguir obter exito numa tarefa, que me parece quase impossível concluir, até agora. 

Em cada uma das minhas tentativas -  acredito eu - que esteja logrando progresso, pois acabo usando de formas diferentes, pra buscar descobrir como fazê-lo, ou seja, como devo proceder, na esperança de ser vitoriosa no meu intuito!

Eu me vejo numa escada muito parecida com a de minha casa, que no quinto degrau, começa a convergir pra direita, fazendo um leque de três largos degraus, tornando-se reta novamente. Porém a uma certa altura, lá pelo décimo terceiro degrau, a escada desaparece, deixando-me sem ter onde pisar. Sou obrigada a parar a escalada, pra analisar as possibilidades que me permitiriam terminar a subida.  Nesse momento, eu me lembro daqueles edifícios onde não existe décimo terceiro andar.

Devo dizer que a escada da minha casa, possui apenas dezesseis degraus concretos e que me levam de uma forma segura ao andar de cima.  Essa escada, não! Acho que deve ter mais alguns degraus que eu não vejo, pois não estão lá, e sei também que ela vira à esquerda, um lado sombrio, pra onde devo ir. Essa escada abstrata, continua além do ponto em que a concreta termina.

A sensação é muito estranha, é como se tivesse chegado até um ponto da caminhada com muita certeza e determinação – pra  empacar nesse ponto tão crucial e de forma a me sentir tão impotente.

Lembro-me de que tento desesperadamente, me agarrar pelas paredes, como uma lagartixa faz - no meu caso com as unhas - mas o que consigo é apenas, escorregar e voltar ao ponto inicial! Me faltam ventosas que me prendam às paredes, ou quem sabe tenha que aprender a usar as unhas dos pés também. Estranhamente, não machuco as mãos! Volto a refazer o caminho, e no mesmo ponto, tento novamente vencer esse espaço vazio no ar, porque sem dúvida - esses degraus continuam inexistentes, não importa quantas vezes eu sonhe esse sonho.

Em uma de minhas pesquisas, aprendi como as lagartixas se prendem às paredes e ao teto.  Durante muito tempo, acreditou-se que elas possuíam ventosas, mas depois descobriu-se que na verdade, o que elas usam pra desafiar a gravidade são as  forças intermoleculares. Esses atributos seriam muito bem vindos pra mim, no sentido de galgar esse patamar sem acesso, através de pés.  Uma vez, possuindo essa capacidade, porque também, não ter a  de renovar a minha cauda, como elas têm?  Eu poderia de uma forma bem literal, subir pelas paredes, enquanto a minha cauda bem distante de mim, com seu movimento involuntário, estaria a prender a atenção de um possível predador.   Me espanto com a ideia de que, a lagartixa seja um ser mais evoluído do que eu!


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Em 1960, um cientista alemão chamado Uwe Hiller sugeriu que essa habilidade estava relacionada a um tipo de força de atração e repulsão entre as moléculas da pata da lagartixa e as da parede. Essa força é conhecida na Física como força intermolecular de Van der Waals.
Na prática, funciona assim: as patas das lagartixas têm milhões de pequenos pelos, chamados de setae --uma espécie de cerda queratinosa minúscula com terminação pontiaguda microscópica. Quando a lagartixa dá um passo, há um deslocamento de elétrons entre os átomos da pata da lagartixa e os átomos da superfície parede, gerando uma força de atração intermolecular que a mantém grudada na vertical.
Esta força de adesão da lagartixa é a seco. Se fosse uma adesão úmida, com substâncias mucosas ou oleosas criando uma "cola" e agindo pela pressão negativa (o vácuo), ela não conseguiria andar em superfícies molhadas e muito lisas.
Recentemente, também descobriram que, além dos dedos grandes com muitas cerdas, as lagartixas também "endurecem" o corpo de forma geral ao andar, o que aumenta as forças de Van der Waals.
Mas não pense que todo mundo acreditou na explicação dada por Hiller lá em 1960. Foi só quarenta anos depois que uma equipe de cientistas conseguiu provar que o fato de as lagartixas conseguirem andar pelas paredes sem cair estava mesmo relacionado às forças intermoleculares.

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