Habitei muitas peles, lembro-me.
Eu as deixei ao longo do caminho.
De algumas, eu escorreguei
como feto em aborto espontâneo.
De outras, não me desprendi senão, depois
de muita contração dolorosa e convulsões.
Foram descartadas por mim,
por eu não caber mais dentro delas.
Uma palmeira, a cada temporada,
ganha um novo anel em seu tronco,
justamente onde irrompeu
a sua folhagem antiga,
que secou e caiu.
Ela terá suas folhas renovadas.
Eu vou descartando as minhas peles,
por não me serem mais úteis.
Outras virão em sucessão.
A palmeira guarda em seu tronco
a sua história de crescimento,
eu guardo na minha memória,
cada uma das peles que usei.
A palmeira permanece palmeira
e eu ... continuo sendo a mesma ‘cobra’.
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