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"A DOIS PASSOS"
01/03/17
01/03/17
Tenho um desejo incontrolável de rodar o guarda-chuva apoiado em meus ombros. Quando criança, não podia fazer isso - me diziam que não prestava, dava azar - nunca entendi por quê. E até hoje, não entendo, não faz o menor sentido, deixar de rodar o guarda-chuva, por conta de algum mal que pudesse acontecer – a mim, ou a alguém da minha família. Talvez fosse, o perigo de furar o olho de alguém com suas ponteiras, ou machucar a minha pele, caso tivesse alguma rebarba de metal. Hoje, eu rodo quantas vezes eu quiser, e sempre me lembro daquela vontade reprimida – por nada.
Um dançarino de frevo rodaria – é o que ele faria antes de uma apresentação. Embora eu nunca tenha dançado frevo, tenho ao menos a vontade do bailarino, de rodar o guarda-chuva sobre meus ombros.
Frevo, uma das danças mais difíceis. Imagino que deva ser – 'dançar' - e ainda dançar com as pernas flexionadas? Seria um derivado de uma tortura russa? Ao que se sei – existe tortura chinesa, mas russa? ... Certamente, há muitas torturas, de todas as nacionalidades, de todos os tipos.
O mais próximo disso que conheço é de ‘pular miudinho’ ou de ‘cortar um dobrado’ – isso, eu faço, e muito! Talvez dance o frevo sem o saber! Um derivado do derivado de uma tortura russa!?
Sabe aquela situação em que eu mesma me coloquei? Se me perguntassem antes, se eu queria dançar essa dança – eu responderia com um sonoro 'não'! Mas cá estou, dançando a música que vem de fora, a passos forçados, apesar de cansada, parecendo uma marionete e encenando um 'sim'.
Danço sim – um derivado do derivado de uma tortura russa – faço isso sem guarda-chuva, sem colorido e sem vontade ou disposição.
Sempre a ‘dois passos do paraíso’ - sem conseguir adentrá-lo! Esse seria meu refrão!
Caso eu prefira uma música das minhas – só mesmo com fones de ouvido. Sem eles, o ritmo é outro - sem me perguntarem se gosto, se quero - a marionete se põe a dançar, sem me aperceber disso!
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