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PEDRA, VENTO E SOL

14/02/20

Ela é uma lavadeira experiente, com braços musculosos e movimentos certeiros.

Bate vigorosamente, a roupa na pedra, abrindo a trama do tecido, para que o sabão possa entrar e limpar.  Faz isso, também, para amaciar suas fibras e absorver o perfume da essência, que coloca, em sua última água de lavagem.

Bate sem dó, provocando o atrito do pano com a dureza da pedra.  A pedra não se modifica, mas o pano sim, sai limpo e ao mesmo tempo, macio ao toque.

A vida é uma lavadeira bem qualificada, tanto no quesito lavagem, como na maciez e perfume, deixados no tecido.

Em suas mãos, eu me sinto como uma roupa suja, sendo arremessada, inúmeras vezes, sobre a pedra rústica, sem piedade.  

Espero, que ela sabia o que está fazendo comigo, que conheça a natureza do tecido de que sou feita, saiba também quantas vezes deve bater, quantas vou suportar, antes que eu me rasgue ou estrague.

Devo passar por todo esse processo, em suas mãos.  Só depois, então poderei tremular ao vento e sentir o sol beijando a minha face.



arte | jamie heiden