PSI _____________________________ 9 - Minhas considerações
Crescer, converter-nos em adultos, não
é unicamente acumular anos, ver uma ruga no nosso rosto ou acumular
bens materiais. Crescer é saber amadurecer
com o tempo conservando tudo de bom de cada etapa vivida,
de cada ciclo da nossa existência.
No entanto, nem
sempre é fácil amadurecer com harmonia e felicidade.
Às vezes o nosso ‘eu adulto’ se sente frustrado, cheio de
conflitos não resolvidos que nos prendem e que nos afogam, que
nos tornam criaturas taciturnas que perderam essa ilusão
cotidiana pelas coisas, por quem os rodeia e o que
é pior, por eles mesmos.
Na hora de falar
da nossa ‘criança interior’ é possível que muita
gente ria, que não entenda o seu significado. Algumas vezes
associamos a infância a um período de “inocência cega” onde não
se entende ainda muito bem como é isso chamado mundo, ou
essa entidade chamada vida. Por isso é permitido às
crianças um certo toque de loucura, de espontaneidade, porque
simplesmente “ainda não sabem”.
Todavia, é possível que
saibam muito mais que nós, que disponham de valores que já perdemos. Também
dizemos que todos continuamos tendo a
nossa criança interior muito escondida, mas, ainda assim,
continua sendo ela quem nos permite um certo equilíbrio entre a parte
racional e essa outra mais livre, pura e iludida,
que continua reclamando amor.
A voz
da nossa criança interior
Acreditemos ou não, a nossa criança interior não se foi para dar
lugar ao adulto sério que você é agora. Ela
ainda vive em você, embora permaneça, na maioria das vezes,
oculta e reprimida porque não podemos nos permitir dar saída ao que
foi, ao que representa.
A criança interior demanda aspectos que nem
sempre sabemos escutar:
– Ela lhe pede que não dê tanta
importância às coisas, que relativize problemas,
que tire esse casco de tristeza e que desenhe um rosto alegre
capaz de sair para passear com liberdade.
– A sua criança interior lhe pede que
cuide dela e a ame. Deseja ser abraçada, mimada, cuidada
e converter-se no ponto de atenção da sua vida. Lembra algo? É a autoestima.
– Às vezes, demanda também que você
não seja tão exigente consigo, ela lhe pede que
relaxe e que preste atenção nas coisas simples que existem
ao seu redor, que valorize o básico, as alegrias, ela lhe pede que
brinque e que experimente. Pede principalmente que você não
perca a ilusão pela vida e por si mesmo. Quer que você seja
espontâneo e que tenha coragem.
Não obstante, também há um aspecto vital que não
podemos deixar passar. É possível que a
sua infância não tenha sido precisamente feliz, que você guarde
no seu interior muitas feridas, vazios e lamentos.
Pode ser que
as circunstâncias o tenham obrigado a crescer violentamente sem
“desfrutar” dessas dimensões que nutrem toda criança: o amor,
o reconhecimento, o vínculo emocional do carinho, do apoio…
Tudo isso faz
com que cresçamos com inseguranças, com desconfianças, e com medos que
essa criança que nunca pudemos ser nos transmite, essa figura
ferida que continua em nosso interior. O que podemos fazer
nestes casos? Nós explicamos a seguir.
Reencontrar a
si mesmo e curar sua criança interior
Costuma-se dizer que aquele que vive da
criação, da arte, aquele que sabe viver com o mínimo e entende
o valor de presentear sorrisos sem motivo algum, jamais
quebrou a união com a sua criança interior.
É possível que
os rotulem às vezes de loucos, pela sua espontaneidade, pela sua
excentricidade. Ainda que não acreditemos, manter esse cordão umbilical
unido a essa criança interior saudável e feliz pode ser,
sem dúvida, uma experiência enriquecedora capaz de curar muitas feridas
emocionais e de fortalecer a nossa autoestima.
Como podemos
curar essa “criança interior”? Anote.
1. Veja-se quando criança, pegue uma
fotografia se precisar. É um
exercício simples com o qual buscamos fazer você refletir,
um ato de introspecção em direção à sua essência do ontem, onde
se esconde ainda essa criança que você foi.
2. Pense nessa imagem, traga um
momento qualquer à sua memória de quando tinha 7 ou 8
anos. O que você vê? É uma
criança desinibida, um pouco barulhenta e sem papas
na língua? Pergunte-se se você continua sendo a mesma pessoa. Você
vê uma criança que abraça os seus pais? Relembre esse
amor.
Observe
talvez uma pena do passado, uma ferida dolorosa?
Então aceite-a e perdoe; você se sentirá mais livre. Você
deve aportar calma a essa lembrança, um equilíbrio onde não haja
ressentimento e que lhe permita viver em paz.
3. Continue em sua visão pessoal
e estabeleça agora um diálogo com essa criança. Com
esse você infantil. Você deve estabelecer uma união forte
com ele, pergunte-lhe o que necessita agora para ser feliz de novo,
atenda as suas palavras, os seus pedidos.
Você
deve convencê-la de que vai atendê-la melhor a partir de agora, de
que vai amá-la, vai cuidar dela, que juntos vão avançar com novos sonhos, relativizando
problemas, rindo, sendo mais puros e não reprimindo essas necessidades tão
básicas.
Segure-a bem
forte pela mão e não volte a perdê-la.
9 _______________________________ Minhas considerações
Nossa criança interior é sábia.
Não devemos fazê-la calar e sim deixá-la falar.
Nunca negar-lhe amparo.
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