O Poder do Silêncio –
Augusto Cury
Pensar antes de reagir é uma das
ferramentas mais nobres do ser humano nas relações interpessoais.
Nos primeiros trinta segundos de
tensão, cometemos os maiores erros de nossas vidas, falamos palavras e temos
gestos diante das pessoas que amamos que jamais deveríamos expressar.
Nesse rápido intervalo de tempo,
somos controlados pelas zonas de conflitos, impedindo o acesso de informações
que nos subsidiariam a serenidade, a coerência intelectual, o raciocínio
crítico.
Um médico pode ser muito paciente com
as queixas de seus pacientes, mas muitíssimo impaciente com as reclamações de
seus filhos.
Pensa antes de reagir diante de
estranhos, mas não diante de quem ama.
Não sabe fazer a oração dos sábios,
nos focos de tensão, o silêncio.
Se vivermos debaixo da ditadura da
resposta, da necessidade compulsiva de reagir quando pressionados, cometeremos
erros, alguns muito graves.
Só o silêncio preserva a sabedoria
quando somos ameaçados, criticados, injustiçados.
Cada vez as pessoas estão perdendo o
prazer de silenciar, de se interiorizar, refletir, meditar.
O dito popular de contar até dez
antes de reagir é imaturo, não funciona.
O silêncio não é se aguentar para não
explodir, o silêncio é o respeito pela própria inteligência.
Quem faz a oração dos sábios não é
escravo do binômio do bateu-levou.
Quem bate no peito e diz que não leva
desaforo pra casa, não pensa nas consequências de seus atos.
Quem se orgulha de vomitar para fora
tudo que pensa, machuca quem mais deveria ser amado, não conhece a linguagem do
auto controle.
Decepções fazem parte do cardápio das
melhores relações.
Nesse cardápio precisamos do tempero
do silêncio para preparar o molho da tolerância.
Para conviver com máquinas não
precisamos de silêncio nem da tolerância, mas com seres humanos elas são
fundamentais.
Ambos são frutos nobres da arte de
pensar antes de reagir. Preserva a saúde psíquica, a consciência, a
tranquilidade.
O silêncio e a tolerância são o vinho
dos fortes, a reação impulsiva é a embriaguez dos fracos.
O silêncio e a tolerância são as
armas de quem pensa, a reação instintiva é a arma de quem não pensa.
É muito melhor ser lento no pensar do
que rápido em machucar, é preferível conviver com uma pessoa simples, sem
cultura acadêmica, mas tolerante, do que com um ser humano de ilibada cultura
saturada de radicalismo, egocentrismo, estrelismo.
Sabedoria e tolerância não se
aprendem nos bancos de uma escola, mas no traçado da existência.
Ninguém é digno de maturidade se não
usar suas incoerências para produzi-la.
Todo ser humano passa por
turbulências na vida. Para alguns falta o pão na mesa; a outros a alegria na
alma. Uns lutam para sobreviver, outros são ricos e abastados, mas mendigam o
pão da tranquilidade e da felicidade.
Os milionários quiseram comprar a
felicidade com seu dinheiro, os políticos quiseram conquistá-la com seu poder,
as celebridades quiseram seduzi-la com sua fama, mas ela não se deixou achar.
Balbuciando aos ouvidos de todos,
disse: “…Eu me escondo nas coisas simples e anônimas…”.
Todos fecham os seus olhos quando
morrem, mas nem todos enxergam quando estão vivos.
Augusto Cury, em “Código da
Inteligência”
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