AO FALARMOS DOS OUTROS REVELAMOS MUITO SOBRE NÓS
MESMOS!
Existe uma frase atribuída a Sigmund Freud, o
criador da psicanálise, que traz os seguintes dizeres:
“Quando
Pedro me fala de Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo”.
Se a sentença foi realmente proferida por Freud,
não se sabe. Entretanto, o significado da mensagem faz sentido.
Para o médico e psicanalista Mauro Hegenberg,
professor do Instituto Sedes Sapientiae, que realiza cursos, estudos e
atendimento clínico na área de psicologia, a frase é precisa, já que cada um
revela um pouco de si mesmo a partir do que identifica no outro. “Isso porque
projetamos nos outros aquilo que está em nós mesmos”, explica.
Na concepção da psicanálise, cada indivíduo tem uma
visão única de mundo, formada ao longo da vida em função de sua educação e suas
experiências, que influenciam o modo de perceber as pessoas. “São essas
imagens, ideias e conceitos que projetamos nas pessoas quando pensamos nelas ou
falamos sobre elas”, diz Hegenberg.
Diferentes estudos na área de psicologia mostraram
que bastam apenas poucos segundos para formarmos uma opinião sobre alguém. Uma
pesquisa da Universidade de Glasgow, na Escócia, concluiu que até menos do que
isso é suficiente: em apenas meio segundo, os entrevistados tiveram suas
primeiras impressões após ouvir um simples “olá”.
A maneira como julgamos alguém ou o que falamos a
respeito dele estão intimamente relacionados com o nosso jeito de ser, na
opinião do filósofo Jorge Claudio Ribeiro, livre-docente em Ciência da Religião
da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo. “Se sou otimista,
vou destacar aspectos mais positivos daquela pessoa”, exemplifica.
Para Ribeiro, além da influência da biografia de
cada um naquilo que mais salta aos olhos quando analisamos o outro, existe,
também, o peso do momento. “As circunstâncias que estamos vivendo também
condicionam o nosso pensamento”, acrescenta.
O que incomoda?
Muitas vezes aquilo que tanto incomoda no outro
pode ter relação com uma característica que a pessoa também possui, mas não
aprova e nem sempre enxerga. “Se aquilo não tivesse nada a ver com as minhas
dificuldades, não incomodaria, eu nem perceberia”, diz a psicoterapeuta cognitivista-comportamental
Betania Marques Dutra, professora da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora e do
Instituto Brasileiro de Hipnoterapia, no Rio de Janeiro (RJ).
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