Uma coisa que sempre me encantou,
desde criança, foram os presépios, qualquer um. Durante um bom tempo, a
minha maior vontade, era visitar o museu do presépio.
Sempre gostei das árvores de natal, enfeitadas com penduricalhos de todos os tipos, em especial às naturais, que exalam sua essência perfumada.
Eu sempre apreciei explorar cada um dos seus pendentes, e aprecio até hoje, não resisto à uma árvore toda emperiquitada. Acho que volto no tempo, pros meus cinco aninhos, e me vejo de novo sentindo as mesmas coisas.
Mas presépios? Ah! Esses são um caso à parte. Ficava fascinada com os pormenores, os pequenos lagos de espelho e seus pescadores, os moinhos de água em movimento, quando motorizados. Seja pela riqueza de detalhes, expressões ou pelo material de que são feitos, eles me deliciam quando os aprecio, ainda hoje.
Vou contar-lhes, sobre um que marcou a minha primeira infância, era um presépio de papel. Isso mesmo, de papel recortado e colado em papelão, com uma base pra que pudesse ficar de pé.
Quem montou foi meu avô, colecionando peça a peça, de um jornalzinho, que aos poucos ia publicando os personagens e todos os detalhes.
Eram muitos e bem condizentes com a época do nascimento de Jesus.
Tínhamos em casa uma cristaleira de duas torres, onde as peças de vidro desenhadas e feitas por meio avô, que era exímio fazedor de coisas lindas, e que pra nós eram de muito valor, ali ficavam guardadas. No meio, havia uma parte reta, que acomodava uma pedra de mármore escuro, durante o resto do ano, ficava enfeitada por uma peça de vidro transparente, feita por ele também, uma grande fruteira com um pássaro no meio.
Quando era época de Natal, a fruteira dava lugar ao presépio. Sobre a pedra era colocado areia, pra que pudesse esconder as bases das figuras. Era assim que elas paravam em pé, e ninguém duvidava de que tivessem vida e um grande significado.
Nem era preciso dizer, que não podíamos mexer nas peças, sob o risco de espalhar areia por toda a casa. Mas o fascínio sempre foi grande!
O presépio do meu avô não tinha lago, nem motor, era simples como o evento que retratava. Via-se uma velha construção de madeira, apenas uma cobertura, abrigando os animais, e onde também estavam a todo ano, as figuras principais, José, Maria e o menino Jesus - estes ficavam ao fundo. Em cima da construção ficava uma grande estrela.
As demais figuras estavam dispostas circundando o primeiro plano. Vinham os três magos, os trabalhadores carregando baldes, os pastores, mulheres, as crianças e os todos que passavam por lá, pra verem o menino que havia nascido na manjedoura.
Quando chega dezembro, é inevitável lembrar-me dele, da atmosfera que enchia a casa, da lembrança gostosa daquele tempo, da dedicação e cuidado, de quem teve a paciência de colecionar, parte a parte, de uma raridade, de um presépio único, que nunca soube, que existisse igual, em museus ou em qualquer outro lugar.
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