O OLHAR PARA DENTRO E PARA FORA
Durante séculos e mais séculos, a nossa sociedade aceitou, que os homens fossem tratados como seres especiais, pelas mulheres, como se nós mulheres não fôssemos feitas da mesma matéria e do mesmo espírito, com as mesmas necessidades e anseios - como se fôssemos forjadas de um material mais resistente que o deles e de menor valor.
Aceitou-se contra elas, a palavra grotesca, o safanão, a desvalorização, a desconsideração dos verdadeiros e igualitários direitos de qualquer ser humano.
Nas crenças arrastadas, numa união, a mulher é considerada 'a rainha do lar', por exemplo, onde reina, mas devendo fazer tudo pelo seu reino e súditos, deixando suas prioridades em segundo, terceiro, quarto plano, em favor da boa convivência de ambiente, ou da boa vizinhança - que é o que se torna o convívio no lar - uma vizinhança, não tão boa, quanto aquela entre vizinhos, em que se observa o respeito e uma certa educação.
Nos lares, os homens se sentem à vontade para deixarem as suas máscaras de lado, não é possível usa-las o tempo todo, a desigualdade se impõe, a violência e desrespeito são permitidos.
Numa relação, entre uma mulher e um homem, ela deve ser a parte mais equilibrada, mais pendente para a consideração, a parte que pensa, enquanto à outra, é permitido que se perca em desatinos.
Certa vez, ouvi de uma pessoa muito esclarecida e conceituada, que só à mulher é dado, que ela faça sexo sem vontade, em favor da estabilidade do casal. Não é preciso dizer, que quem disse isso foi um homem. Para mim, isso é ensinar à mulher, como usar seu corpo, como mercadoria e moeda de barganha, como se à ela só fosse permitido esse tipo de arma.
O mesmo homem que na rua é atencioso e sedutor, no particular - pode ser infantil e perverso - o que a ele é permitido, porque à mulher é cobrado, que ela seja compreensiva, que ela reconheça, que seu dia de trabalho não foi dos melhores, que certamente ele tem motivos para agir assim, e assim, todo destempero é relevado.
Existem muitas formas de violência, não apenas a que deixa marcas e a que não deixa, porque todas deixam, não só na mulher, como também nos filhos, que presenciam tal descontrole e injustiça. Assim vamos educando, ou melhor, deseducando nossos filhos para uma convivência, que nunca poderá ser harmônica, até que os velhos valores sejam substituídos, por novos e muito mais sadios.
A menina, desde cedo é incitada a maternar, a adivinhar o que deseja, a criança trazida em seus braços. O menino é estimulado a sair para a vida, à competição, à diversão. E assim vai, o menino olhando para dentro dele, crescendo e ganhando a mundo, porque o mundo é dele. A menina, olhando sempre para fora de si, porque ela não é dona nem de si, enquanto deve ser a conciliadora de todos os conflitos, mesmo aqueles aos quais não deu origem.
A menina cresce, vira mulher e deposita no relacionamento, os seus mais sinceros desejos de plenitude, e estará disposta a tudo, para que esse relacionamento seja realmente pleno. Entrega junto com seu afeto, sua dedicação e perseverança, geralmente, em troca de promessas de sustento e segurança. Muitas vezes, ele não a protege de nada e o sustento não passa do alimento físico.
A
mulher é muito mais do que um corpo, do que um espírito, do que anseios.
Ela é um ser buscando a evolução, tanto quanto o homem busca. É preciso
que as coisas mudem, que as próprias mulheres tomem consciência de como estamos
educando nossos filhos, para repetirem um comportamento doentio? ... que só
trará infelicidade e distúrbios, para os novos lares a serem formados?
P.S. Esses são homens capazes de passarem a vida toda, atrás da falta de 'teta' ou de 'colo', procurando alguém que lhes dê isso, fora do tempo natural para isso, esperando encontrar em suas parceiras, a mãe ou alguma outra coisa da qual sentiram falta, de um pai presente, de seu olhar, de sua benção, de seu lugar num ninho de amor e não de subjugação e injustiças, em que se viram crescidos. Procuram por alguém para ser um depositário de suas queixas, um repositor de suas faltas, alguém para despejarem suas fúrias.
Simplesmente, reproduzindo e passando à frente, o único modelo que conhecem. As pernas cresceram, as calças aumentaram de comprimento, mas a cabeça não.
Esse é o espartilho emocional, do qual ainda, nós não nos livramos - de que o bem estar do homem, depende sempre da mulher, de sua paciência e servidão a ele.
Simplesmente, reproduzindo e passando à frente, o único modelo que conhecem. As pernas cresceram, as calças aumentaram de comprimento, mas a cabeça não.
Esse é o espartilho emocional, do qual ainda, nós não nos livramos - de que o bem estar do homem, depende sempre da mulher, de sua paciência e servidão a ele.
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