quarta-feira, 31 de outubro de 2018

812 __ O MURO E O BURACO __ 31/10/18






Construíste um muro em volta de ti.  Cavaste um buraco e nele te colocaste.  Os muros te mantiveram afastado e a salvo, o buraco se tornou tua trincheira.  Ninguém de ti, pode se aproximar, porque o muro ficou muito alto.   A trincheira não era necessária - pois não havia guerra.

Hoje, reclamas da distância, e de que ninguém te procura.  Permaneceste muito tempo entre muros, e ainda estás.  Ficaste muito abaixo do chão, local onde te pudessem ver.  Sempre defensivo, na impenetrabilidade, dentro de barreiras e obstáculos imaginários, impostos a nós, incômodos, construídos não por outras pessoas - mas obra tua.

Longe dos olhos, do contato e da convivência, ilhado sem estar numa ilha e sem mar, te deixaste ficar, distante - o teu coração dos demais corações.  Fechaste todas as portas que se tentou abrir, frustrando toda possibilidade de aproximação.  Faltaste em muitas ocasiões importantes.  Negada foi a tua participação, quando era esperada.

Não restou outra opção, senão aceitarmos o que se mostrou impossível de se modificar, por respeito, até mesmo por desistência e cansaço de nossa parte.  Com o tempo, isso virou coisa normal, ninguém mais perguntava sobre ti.  A vida passou, seguiu.  

Quem determina o quanto faremos falta, somos nós mesmos.  De que maneira?  Estando presentes, participando, compartilhando todos os momentos, sem garantias de boas emoções, sem certezas de satisfação ou qualquer tipo de recompensa rápida e prevista.  

Às vezes, nos momentos mais tenebrosos, é que existe a chance de nos aproximarmos das pessoas, ao darmos a nossa contribuição, da forma que for, com a nossa simples presença presente, dando a ela um pouco mais de segurança, sairemos satisfeitos conosco mesmos, o que acaba  por fortalecer o vínculo, seja ele qual for. 


É o que diz o ditado popular, muito sábio e verdadeiro:  "Quem muito se ausenta, uma hora deixa de fazer falta."  A tua presença se faz desnecessária, porque tu não te fizeste ver, ouvir e sentir.

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