sexta-feira, 31 de agosto de 2018

761 __ OUTRAS RAZÕES  __ 31/08/18





Sabe aquela sensação de leveza?  
De que tudo está em seu lugar?
De que só pode dar certo? 
Do dever cumprido?
Pois é ... hoje não tenho!

O peso que a minha caçamba pode carregar, se excedeu há muito.  Parece que um vendaval passou e remexeu tudo: a poeira do chão, se levantou, o ar que estava suspenso desceu. Dar certo, é apenas metade das possibilidades.  Do dever, nem se fala, fico sempre devendo um restinho.  

Então a cabeça pergunta ao coração:  por que carregar tralhas, além das que são minhas?  

Meus sentidos mostram, que o vendaval vem separar, as que são realmente minhas, das que não são, mantê-las separadas é comigo. 

A razão me diz, que já tenho como certa a metade das possibilidades.  

Dever ... ah! o dever, eu me obrigo a tantos, que é impossível cumprir! 

E todo dia tem tralhas novas, todo dia faz vendaval, todo dia traz dúvida, todo dia faço bastante.



'COISAS BONITAS'








"EU TENHO MEDO

Medo de me aproximar, medo de me deixar levar, medo de deixar alguém entrar e que ele apenas entre, saia e volte apenas quando estiver a fim do meu corpo, das curvas, dos beijos, do desejo e que o desejo dele não seja por mim e sim pela imagem do sexo e da carne, que ele faz de mim.

Eu tenho medo, medo de ser apenas desejo, medo de nunca ser o abraço, o afago, o lar de alguém.

Quero ser lar, mar, céu e ar, quero dar mais que apenas meu corpo, quero dividir o que existe em minha alma e não espantá-lo com nada do que tenho ou do que sou.

Quero alguém que queira ficar, ir e voltar, mesmo que seja apenas estar, envolvido num abraço, ouvindo músicas e sentindo o compasso que nosso coração tem quando nosso peito se encontra e vê que é tão singular.

Quero ser o porto de alguém, o cais que traz leveza e bem.

Quero não sentir medo de que vá partir, antes de poder criar motivos para querer ficar.

Quero não ter medo.  Mas tenho medo ..."

_____ LORENA VALLIM


quinta-feira, 30 de agosto de 2018


317 __ ÀS 7 E ALGUNS MINUTOS __ 08/12/16





Estou eu aqui, misturando meu perfume ao cheiro de pão de queijo (sem queijo), a espera de alguém que virá ao meu encontro. 

Meus sonhos se juntam aos sonhos dos demais que cruzam à minha frente,  e aos que vão na mesma direção.  Tenho certeza de que não são muito diferentes entre si, os sonhos.  Temos mais em comum do que imaginamos. 

São semblantes carrancudos, alguns naturalmente alegres - mais parece que tiveram um sorriso permanente desenhado em seus rostos.  Certas expressões, pra mim  são inexprimíveis – são seres absortos num tempo que não é o presente.

Me vejo tão separada – fisicamente - no entanto partilho desejos, com os que transitam pela mesma via.

Experimentamos a brevidade da vida -  não falo do doce que tem esse nome -  falo da ideia de impermanência.  Estamos aqui, individualidades circunscritas no corpo que temos, e num instante podemos não ter mais um corpo pra ocupar espaço, nem circunscrever a nossa existência.  Uma consciência relativa, num corpo finito.

O ‘alguém’ chega e eu saio do meu ‘transe’, deixo de filosofar e volto ao momento real, rotineiro e fugaz!  Deixo pra trás meus questionamentos e me junto à multidão que sobe as escadas rolantes da estação, apressada e autômata. 

Como se acionassem um botão nas minhas costas, responsável pela minha automação, sou apenas mais um.


316 __ A FORÇA  __ 08/12/16





Quanto posso ser forte, ou até quando?

Até que eu sinta  a fraqueza dos músculos 
... da vontade ... ou
que o medo seja maior que a coragem
que a impotência me canse
que o desconhecido apavore a convicção!

Sou forte até ser fraco!

Admitir–me fraco,  também é sinal de força!

O bom é que eu faço a pergunta
e eu mesmo respondo!

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

VERDADES __ 18/08/16







Eu tenho as minhas - guardadas
tu  tens as tuas - bem expostas
... é  constante que me as atires ao rosto
sabes  escolher as facetas mais pontudas!
Queres saber das minhas?
Garanto que não gostarás nem um pouco delas!
Porque eu também sinto!
Porque eu também enxergo!
Porque eu também sei ferir!



504 __ HORA __   __ 26/08/17




A última - sempre a mais escura
a que se arrasta comprida
certamente a mais rezada
onde a angústia se torna íntima!

Pequeno ponto imperceptível
a qual imploramos que viesse
... quando vem ...
chegamos a duvidar que ali esteja!
Traz nas mãos, um unguento
para a cura tão esperada!

Como se nos parecesse miragem
surge da escuridão profunda
e rasgando, embora bem lenta
nos mostra um pouco da luz
após noites no deserto sem estrelas!

Aos poucos, são rompidos os fios
presos à pele, por vários pontos
que nos mantiveram suspensos.

Coordenadas geográficas devolvidas
... horizontal e vertical ...
as teias do pensamento, se dissolvem
e nos vemos de pé, novamente!


505 __ NA SOLITUDE __   __ 26/08/17






A língua não consegue acompanhar
a eloquência das minhas idéias.
É um incessante ‘adaptar’ ...
fazer caber dentro das frases,
meus pensamentos mais urgentes.

Quando o dia termina e todos vão pra casa,
eu apago as luzes, fecho as janelas,
 a porta e as pálpebras.

No silêncio, solitude e escuridão,
me vejo de frente a mim mesmo
... e o prazer é imenso!

Não é preciso vozes, nem luzes!

Conheço os cômodos,
as passagens secretas e as não,
 corredores, escadas, móveis
e todo empecilho do caminho 
... há muito vivo aqui!

Existem locais em que ninguém entra,
não porque eu não deixe ...
 mas porque não sabem chegar!


FRASES E PENSAMENTOS __ VOLTAIRE



"A escrita é a pintura da voz."  __ Voltaire





"A pintura é poesia sem palavras." __ Voltaire



terça-feira, 28 de agosto de 2018

760 __ SOL, LUA E ESTRELAS  __ 28/08/18




Entre uma longa piscadela e outra, depois de uns momentos de calma e uma boa música, eu vislumbrei um caminho à minha frente.  Não tenho certeza de que isso se deu, de olhos abertos ou fechados.

Não era um caminho muito iluminado, mas ladeado de archotes acesos à minha direita, que o clareavam à medida em que eu dava meus passos, de maneira que pudesse ver onde pisava, mas nada muito abrangente.  Não podia vê-lo por completo, via apenas uma pequena porção dele, o suficiente para que pudesse pisar com segurança.

Cada passo - um dia, cada archote - um sol.  A lua e as estrelas, ficariam por minha conta, teria que conservá-las acesas dentro de mim.

É apenas isso o que temos, o que enxergamos, um dia da trajetória. Era o que a visão queria me mostrar, como que desenhando para mim, de um modo mais didático possível, que não preciso enxergar o caminho inteiro, porque na verdade eu só possuo um pequeno trecho dele, um dia, aonde eu e a minha cabeça podemos estar, onde meus pés podem pisar.

Podia sentir, conforme pisava, o chão se elevar e eu subia, ou baixar e eu naturalmente descia. Podia fazer uma curva à direita, ou à esquerda, com poucos trechos retos, porém eu nunca parava.

Eu sei que parti de algum lugar - o meu conhecido
ponto de partida - então, eu sei que também chegarei a algum outro ponto, ou a vários deles, tantos outros por onde passar esse caminho.

O mais difícil não é caminhar dia a dia, nem fazê-lo com uma claridade limitada, é saber onde devo aplicar a minha coragem e onde deixar a minha aceitação.  Quando é possível vencer, e quando não vale a pena lutar.  Não quero desperdiçar esforço em batalhas alheias, apenas às minhas.  Necessito da conquista da serenidade, para chegar à sabedoria da escolha.

O caminho que se mostra escuro e oculto à minha frente, não é o mesmo que deixo para trás.  Posso ver que a distância que já percorri é toda iluminada e não é pela claridade dos archotes, parece-me que são os meus olhos enxergando melhor.




segunda-feira, 27 de agosto de 2018

759 __ MEMÓRIA E SUAS LEMBRANÇAS  __ 27/08/18





Todo dia fazemos planos, sobre como esperamos que ele seja, como executar nossas tarefas.  A verdade, é que a maioria deles, acaba saindo bem diferente do que foi planejado. 

Um pequeno atraso, um acontecimento inesperado, é capaz de nos tirar completamente fora de nosso traçado original, nos fazer ir a lugares que não pretendíamos. 

Foi num desses dias, em que eu me vi, rodando pelo bairro de minha infância e adolescência.

Quando circundei a praça ao lado da igreja, me lembrei dos encontros furtivos depois da missa.

Passei pela frente da velha escola, um pouco diferente e bem mais silenciosa do que costumava recordar.

Uma vez lá, fiz questão de rever a casa mal-assombrada, que nos metia tanto medo.  Era agora, uma casa comum, com um telhado um pouco mais pontudo, onde diziam, morava a bruxa, que nunca vimos.

Lembrei do quintal, de onde roubei a flor dada a minha professora, ele não existe mais.  Do primeiro trabalho em grupo, que se estendeu até a noite e me causou medo de voltar sozinha para casa, pela primeira vez.

Com saudosismo, vi as esquinas dos longos e altos papos, das horas marcadas, dos namoros - vazias. 

Aquelas ruas foram o lugar das descobertas, das primeiras decepções, dos anseios, onde ensaiamos para a vida.

E então melancólica, senti falta daqueles que já não estão mais aqui, daqueles que caíram no mundo sem deixar rastro, dos que não tive mais contato, embora ainda morem no mesmo lugar.

Pude ver as calçadas das casas, que tinham seus portões sempre abertos, das conversas sem fim, pela noite e começo da madrugada.  A moçada não sentia frio, nem fome, nem cansaço, e como tinha assunto!

Saíram do meu arquivo de lembranças, o primeiro beijo, os bailinhos com luz negra, as mini-saias, as frentes-únicas, os sapatos, uma blusa que compartilhávamos, as músicas que curtíamos, os perfumes da época, a 'cuba libre'.

Até do tombo que levei, em plena rua, quando o meu dedão do pé se enroscou na 'boca de sino' da minha calça. 

Foi como entrar num túnel do tempo, mas diferente, o lugar era o mesmo, mas as pessoas não estavam mais lá, não foi possível reviver os acontecimentos.

Eu percebi, que eu não pertenço mais àqueles lugares. Eles pertencem a mim, mas apenas nas minhas lembranças.  Constatei também, que é impossível voltar no tempo, só posso voltar aos mesmos lugares. Ainda me pergunto, se tenho realmente, a memória das coisas como aconteceram, ou apenas uma vaga lembrança?


domingo, 26 de agosto de 2018

758 __ BEM MAIS QUE CINQUENTA  __ 26/08/18






A visão era lúgubre e feia de se ver.  Era cinza por baixo, cinza em cima, cinza por todos os lados, até por dentro.

O mar não estava totalmente congelado, entre algumas placas distintas e separadas, ainda via-se a água límpida, num fundo cinza-escuro.

As chaminés  fumavam como loucas, sujando ainda mais o céu, sem o mínimo respeito ou consciência, soltando um cinza-fumaça em forma de bafo.

Os barcos estavam parados, alguns atracados no cais, outros ilhados no meio do gelo.

A esparsa vegetação - a sobrevivente - parecia que tinha enfiado a cabeça debaixo da terra (como fazem os avestruzes), deixando as raízes para fora - assim era a forma, como ficaram suas copas peladas - idênticas às suas raízes, num cinza-claro.

O ar que também era cinza - um pouco mais escuro que as árvores - entrava pelas narinas cinza-arroxeado e descia pesado até os pulmões cinza-esverdeado.  Se eu me olhasse no espelho, se tivesse a coragem de fazê-lo, sem dúvida meus olhos seriam dessa mesma cor, não veria minhas bochechas vermelhas de frio. Eram mesmo, mais que cinquenta tons.


Decididamente, eu não nasci aparelhada e provida para viver nesse tipo de ambiente, onde tudo muda apenas no tom, onde tudo é gelado e aparentemente morto.


757 __ QUANDO SE FAZ  __ 26/08/18




Quando é que um homem se faz?
Ao conviver com certa mulher?
Ou será que é na casa dos pais?

Se forma do que lhe dá o berço.
Da carne dos dois, se faz matéria
do espírito do lar, se faz caráter.

De colo, pela mão da mãe
ele chega à vida 
da sua ternura se faz.
Pelos passos do pai
seguindo-os,
de sua firmeza
ele se põe de pé
como homem que deve ser.

É assim que fica pronto:
só deixando de ser filho
pode ser amigo
pode ser companheiro
pode ser pai
pode ser homem enfim!
Do contrário quererá
ser filho de sua mulher
e irmão de seu filho 
amigo de ninguém
porque ainda é criança!




sexta-feira, 24 de agosto de 2018


PSI __ 113 __ MINHAS CONSIDERAÇÕES



Transtorno explosivo intermitente: quando a frustração se transforma em agressividade




https://amenteemaravilhosa.com.br/transtorno-explosivo-intermitente/



"A ira é um ácido que pode causar mais mal ao recipiente que o contém, do que a aquilo sobre a que se lança." 
_____ Sêneca


Transtorno explosivo intermitente é aquele em que o controle dos impulsos e emoções se encontram comprometidos.

Embora a frustração seja uma emoção universal, vivenciada diariamente por todos, é a forma como reagimos a ela que precisamos estudar.

Algumas pessoas têm uma manifestação desproporcional ao fato desencadeante.  É o grau de intensidade com que ela se manifesta e o seu descontrole, que devem ser o objeto de nosso estudo.

- Episódios recorrentes com explosões de ira (gritos, agressividade a objetos, animais ou pessoas).

- Episódios que não correspondem à gravidade das causas (intensidade>gravidade).

A dificuldade em lidar com a ira afeta a vida em sociedade, prejudica as relações pessoais, pois a pessoa tende a 'levar tudo para o pessoal', em família, em grupos informais, no trabalho.

Pesquisas mostram, que explosões de agressividade apontam, um déficit de serotonina no cérebro, assim como lesões no córtex pré-frontal - justamente a parte responsável pelo controle dos impulsos e sede do pensamento superior.

Além da predisposição biológica, leva-se em conta os fatores ambientais,  onde se passou a infância, se teve condições de aprender a controlar suas emoções ou não, se conviveu com pessoas incapazes de controlarem sua ira.

Nesse cenário, a criança aprende a reconhecer a violência com instrumento válido para atingir objetivos, em vez de ser ensinada a solucionar conflitos e gerenciar a frustração, onde a paciência e o diálogo são as principais ferramentas.

Através da terapia cognitivo-comportamental é possível identificar os primeiros sinais do aparecimento da raiva, detê-la antes de causar danos maiores - ex. sair da situação - pode ser  uma saída mental (desviando a atenção) ou até afastar-se fisicamente.

Técnicas de relaxamento, prática de esportes, medicação que equilibre a serotonina, são formas de administrarmos melhor a ira.