Inúmeras pessoas consideram que ver televisão é «relaxante». Observe-se atentamente. Com certeza irá descobrir que quanto mais tempo o ecrã permanece no centro da sua atenção, mais a sua atividade é suspensa, e que durante longos períodos de tempo você vê talk shows, concursos, séries cómicas ou até anúncios quase sem que qualquer pensamento seja gerado pela sua mente. Não só já não se lembra dos seus problemas, como se liberta de si próprio temporariamente. Existe alguma coisa mais relaxante do que isso?
Então, ver televisão cria espaço interior? Faz-nos estar presentes? Infelizmente, não. Apesar de a nossa mente não gerar quaisquer pensamentos durante longos períodos de tempo, ela liga-se à atividade mental do programa televisivo. Liga-se à versão televisiva da mente coletiva e está a pensar os seus pensamentos. Isto induz um estado passivo de grande suscetibilidade semelhante ao transe e à hipnose.
Por isso é que pode estar ao serviço da manipulação da «opinião pública», como os políticos, os grupos económicos e os publicitários bem sabem, razão pela qual pagam milhões de dólares para nos apanhar nesse estado de inconsciência recetiva. Eles querem que os seus pensamentos se tornem os nossos pensamentos e, geralmente, são bem sucedidos.
(*) O americano médio, quando chega aos sessenta anos de idade, terá passado quinze anos a olhar para o ecrã da televisão.
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 188)
A Morte e o Eterno
Ao encarar a morte, até certo ponto a sua consciência deixa de se identificar com o corpo, o que explica que, nalgumas tradições budistas, os monges visitem regularmente a morgue e ali meditem entre os cadáveres.
Na cultura ocidental, ainda predomina a negação da morte. Mesmo as pessoas de idade tentam não pensar nem falar muito no assunto e, por norma, os defuntos são escondidos do olhar. Uma cultura que recusa aceitar a inevitabilidade da morte torna-se superficial e frívola, mais preocupada com as aparências.
Quando se nega a morte, a vida perde profundidade. A possibilidade de sabermos quem somos para lá do nome e do corpo, a dimensão de transcendência, desaparece das nossas vidas, porque a morte é a porta de entrada para essa dimensão.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 112)
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