terça-feira, 23 de fevereiro de 2016


"Toda a forma que vês
Tem seu arquétipo no mundo sem-lugar
Se a forma esvanece, não importa,
Permanece o original.
As belas figuras que viste,
As sábias palavras que escutaste,
Não te entristeça se pereceram.
Quando a fonte é abundante,
O rio fornece água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?
A alma é a fonte, e as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
E sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a água não seca, ela não tem fim.
No momento em que vieste a este mundo
Uma escada foi colocada a tua frente
para que tu possas escapar.
Da terra, te tornaste planta,
Da planta, te tornaste animal,
Depois tu te tornaste um ser humano,
Revestido de conhecimento, intelecto e fé.
Contempla o corpo, nascido da poeira -
quão perfeito ele se tornou!
Por que deverias temer teu fim?
Quando fostes diminuído por ter morrido?
Quando tu passardes adiante desta forma humana,
Sem dúvida te tornará um anjo
Em ascensão através dos céus!
Mas não pára neste ponto.
Mesmo os corpos celestes envelhecem.
Ultrapassa os reinos celestes
e mergulha no vasto oceano da Consciência.
Deixe a gota de água que és tu
tornar-se uma centena de mares poderosos.
Mas não pense que apenas a gota
Se torna o Oceano -
o Oceano, também, se torna a gota!
Abandona esse filho que chamas corpo
E diz sempre “Um” com toda a tua alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma."

Rumi

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