terça-feira, 26 de janeiro de 2016


Você Vive Em Sua Própria Realidade Individual




Uma bola de sabão pode servir como um bom exemplo da nossa existência individual, separada, visto que nos envolve e nos protege, mas ao mesmo tempo isola-nos completamente da realidade externa e das outras “bolas de sabão” pessoas. Podemos tentar nos aproximar da realidade ou de outra pessoa, mas nunca somos capazes de alcançá-las, porque existe a parede da bola de sabão. Somos apenas capazes de ver a realidade e as outras pessoas através da parede da bola de sabão, que é pintada em várias cores pelas nossas opiniões e desejos.
De acordo com a psicologia humanista, existem três factores motivacionais básicos que determinam o trabalho da mente dominada pelo Ego. Um é a necessidade de pertencer a alguém, a outra é a necessidade de segurança e a terceira é a necessidade de apreciação.
Estas exigências ou necessidades aparecem em nossa vida na ordem listada acima e, elas estão hierarquicamente ligadas umas com as outras. Isso significa que a necessidade de segurança torna-se apenas importante, quando a nossa necessidade de pertencer a alguém já foi satisfeita, pelo menos, o menos possível. Da mesma forma, a necessidade de apreciação será importante quando nós já pertencemos a alguém (pode ser um indivíduo ou um grupo) e, a nossa necessidade de segurança e estabilidade já foi cumprida até um determinado grau.

Os nossos pais e professores rebentam a bola de sabão para nós, quando satisfazem as nossas necessidades iniciais e, logo consideramos a nossa bola de sabão como sendo a nossa própria identidade pessoal. Ao longo da nossa vida, transformamos a bola de sabão num castelo de bola de sabão o qual consideramos ser seguro. Visto que não temos a mínima ideia de que somos pessoas de bola de sabão, nos sentimos  imensamente orgulhosos da nossa própria bola de sabão, o diário de construção que é adicionado à nossa própria história pessoal.
O nosso castelo de bola de sabão não está sozinho num deserto, está no entanto numa das ruas de uma linda cidade de bola de sabão, perto dos outros castelos de bola de sabão, no que diz respeito a necessidade de pertencer a alguém, as nossas necessidades de segurança e de apreciação apenas serão satisfeitas se interagirmos com outras pessoas de bola de sabão. Mas, como consequência da nossa existência de bola de sabão, todas essas necessidades nunca serão completamente satisfeitas, visto que as paredes das nossas bolas de sabão não permitem uma conexão real e contacto com as outras pessoas.
As paredes das bolsa de sabão são criadas pelo nosso senso de separação que nos condena à solidão eterna, mesmo que existam centenas de outras pessoas de bola de sabão à nossa volta, na nossa cidade de bola de sabão. A fim de aliviar o desconforto da solidão, decoramos a nossa existência de bola de sabão com belas imagens, fruto da individualidade da nossa vida e, escrevemos livros com contos bonitos da nossa vida. As imagens, os contos e a suposta segurança da cidade de bola de sabão nos proporciona uma falsa sensação de segurança, num lindo sonho.

A Falsa Sensação de Segurança
Existem inúmeros sinais na nossa vida que indicam quão falso é o nosso senso de segurança. Um desses sinais é a confusão nos nossos relacionamentos com outras pessoas. Esta confusão surge porque as pessoas de bolas de sabão nunca serão capazes de entender completamente as outras e nunca serão capazes de ter contacto real com elas.
Somos apenas capazes de ter contacto com as outras pessoas através das paredes da nossa bola de sabão, mas a parede é pintada em cores diferentes pelos nossos desejos e opiniões. A camada de distorção das cores será mais grossa e mais espessa ao longo da nossa vida, fazendo com que  as paredes originalmente transparentes sejam cada vez mais difíceis de se ver. Portanto, nunca vemos a realidade assim como é, mas apenas aquilo que acreditamos ser a realidade. E assim sendo, cada indivíduo criou a sua própria realidade individual e, portanto, a realidade criada é diferente de todas as outras realidades individuais.
Visto que não existem duas realidades individuais idênticas, quando elas entram em contacto, muitas vezes colidem umas com as outras. Naturalmente, existem realidades que são semelhantes entre si e, a força da colisão é menor quando estas realidades entram em contacto e, é provável que tais realidades cheguem a um compromisso e criem um distrito na cidade de bola de sabão onde desfrutam de uma maior sensação de segurança.
Um outro sinal que aponta para os pontos fracos do nosso senso de segurança é o medo da morte, que está presente em cada ser humano. Envolto na falsa sensação de segurança do nosso castelo de bola de sabão, todos nós temos medo da morte, que irá pôr fim à nossa existência de bola de sabão.  O grande desconhecido surge e rebenta o nosso castelo de bola de sabão num instante. Podemos fingir que a morte não existe e, que depois da morte estaremos numa grande bola de sabão, ou o mestre que sopra as bolas de sabão nos protegerá do sofrimento. Estes contos apenas aliviam um pouco o nosso medo da morte, mas não o elimina completamente.

O Fim da Existência da Bola de Sabão
O que é capaz de pôr fim à existência da bola de sabão?
O primeiro passo é reconhecer que a nossa existência é construída sobre falsas premissas, de que há algo errado com a mesma. Sem perceber que, nos identificamos tão fortemente com a nossa existência de bola de sabão, até ao ponto em que a consideramos como o nosso estado natural e básico.
Mas se começarmos a acordar do sonho da nossa existência de bola de sabão, logo perceberemos que há algo de errado connosco e com o mundo que nos rodeia. Em seguida, a cola que nos une ao mundo das formas começa a derreter-se, então um espaço, menor ou maior, é criado em nós e uma vez desligado das formas, somos capazes de contemplar as forças que determinam a nossa vida pessoal como testemunhas oculares.
Agora percebemos que esta vida de bola de sabão, este mundo separado, não existe de todo, apenas foi criado pela nossa identificação com as formas e pensamentos. A obrigação e o desejo de construir uma identidade pessoal cria essa separação, essa bola de sabão ao nosso redor quase automaticamente. Em seguida, a sociedade alimenta e sustenta esta separação.

O que somos sem a nossa identidade pessoal?
Quando acordamos do sono da identidade pessoal, reconhecemos que somos o espaço livre do Milagre, da Consciência. Não somos idênticos com as formas que aparecem neste espaço, mas nós somos o próprio espaço, o espaço que permite que as formas apareçam e que as mantêm vivas.



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